Texto de autoria de Dalton Paulo Kossoski, auxiliar de bibliotecário e contador de histórias na Biblioteca Municipal de Ponta Grossa.
22 de dezembro de 2022, 19:30. O
passeio podia ter ocorrido normalmente e o endereço, encontrado com facilidade,
mas não foi bem assim. A viagem começou tranquila, nós conversando com o
motorista sobre assuntos do cotidiano e a programação da TV:
“Tá
assistindo o Maick, o cantor de Ponta Grossa, no Faustão na Band? É um cantor
muito bom! Tá na final já...”
“Não.
Eu trabalho o dia todo, nem dá tempo de assistir TV, nem sabia que o Faustão
tava na Band agora...”
O
carro atravessando as ruas de Ponta Grossa e a gente papeando numa boa. Até que
o negócio ficou estranho. Chegar numa rua à noite, no breu total, não é a mesma
coisa que de dia.
“Moço!
A rua Fagundes Varela é essa mas o número 699 é mais pra cima! Aqui já é dois
mil e pouco!” – a mãe dizia, nervosa. “Dalton, ajude a ver os números das
casas!”
Mas
como enxergar na quase total escuridão? Nós três perdidos: o motorista, a mãe e
eu. O GPS do motorista apontava:
“Ó!
Tá mostrando que a corrida acaba aqui (no número 2652). E a gente não passou
por nenhum 699. Acho que esse número não existe hein...”
Como
“não existe”? Nós já tínhamos visitado o Danilo outras vezes!
Depois
de muito rodar procurando, o fim da picada aconteceu quando o cara falou:
“Outra
cliente chamando, eu vou deixar vocês aqui! A corrida acabou!”
Encostou
o carro no meio-fio. Um matagal, sem casa à vista nem ninguém para quem
pudéssemos pedir ajuda. A mãe soltou a cartada final:
“Você
vai me largar aqui com um filho que não anda sozinho???!!!”
Ah!
Aquilo “quebrou as pernas” do rapaz. Ao ouvir aquela frase, ele pôs a mão na
consciência e algo mexeu dentro dele.
”Só
não deixo vocês aqui porque são gente boa!”
Mais
um pouco rodando, naquele clima tenso que se instalou entre nós, o motorista
achou o número certo. Foi preciso muito empenho, algumas “puxadas de orelha” da
parte do Danilo (que ligou para saber da nossa localização) pra cima do pobre
rapaz, que só estava seguindo as instruções de uma inteligência artificial
doida e os xingos da outra cliente que esperava um carro que nunca vinha.
O
motorista se desculpou, disse que o aparelho nunca havia falhado.
Nos
encontramos com os amigos para comemorar o aniversário da pequena Mel. Ao
entrar na casa, a mãe pediu um copo d’água para acalmar os nervos.
No
fim dessa desventura, deu tudo certo.