Texto de autoria de Hugo Leonardo Petla Silva, Engenheiro de Computação e Mestre em Computação Aplicada pela UEPG, natural e residente em Ponta Grossa.
Era uma manhã chuvosa de domingo, 15
de setembro, daquelas em que o vento gelado toca a alma e traz memórias do
passado. Ponta Grossa, com seus prédios e praças cheias de história, completava
seus 201 anos. A cidade carregava memórias antigas, onde cada esquina e cada
paralelepípedo tinha algo a contar.
No centro da cidade, o silêncio
tranquilo contrastava com o ritmo moderno das pessoas e carros. Esse novo ritmo
destoa do que, há décadas, ecoava com o som dos trilhos de ferro que cortavam o
coração da cidade. O trem. Ah, esse símbolo de tantas histórias.
Ponta Grossa era pequena, moldada
pela economia dos tropeiros. Deitada em um ponto estratégico do Paraná, ansiava
por expandir seus horizontes e se conectar com o Brasil. Em 1894, foi possível
ouvir pela primeira vez o apito na Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande,
trazendo o progresso e a promessa de uma nova era.
Na Estação Saudade, ainda se ouve, em
um eco distante, o tilintar das rodas cortando os trilhos. Com o tempo, a
viagem do tropeiro a cavalo deu lugar ao transporte ferroviário, que passou a
ser essencial para o transporte de pessoas e produtos.
Em meio a esse vai e vem, lá está
ela: a Taça de Vila Velha, silenciosa e atemporal. Quem conhece Ponta Grossa
sabe que ela é mais do que uma formação rochosa. É testemunha do tempo. Muito
antes de qualquer trem ou tropeiro cruzar o horizonte, aquela formação estava
lá, serena e silenciosa, sabendo que o tempo dos homens é efêmero, mas o dela,
eterno.
Neste setembro, enquanto Ponta Grossa continua com suas comemorações, talvez não pense nos tropeiros nem no apito do trem, mas no apito da bola, onde o Operário trazia mais uma vitória. Mesmo distante, o espírito da história é sentido nas fachadas antigas, nos casarões que resistem e no relato dos mais velhos, que lembram momentos dessa história da cidade, que aos poucos se transforma.
Assim, Ponta Grossa vive, ao mesmo tempo, moderna e antiga. Em suas ruas estreitas e praças históricas, transpira e transborda relatos. A cidade não é feita somente de concreto e vielas, mas de momentos e lembranças, de um tempo que, assim como a Taça, assiste a tudo pacientemente em seu lugar.
Parabéns pela estreia brilhante! Ponta Grossa, suas origens e seus encantos sempre voltam, nostálgicos e poéticos!
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