Texto de autoria de Aline Sviatowski, estudante, Ponta Grossa.
Postada no Portal aRede em 19/01/2022 e no Portal CulturAção em 26/04/2022.
Não saberia Rachel que da grande seca de 1915 surgiria o rio extenso da literatura que a habitava desde cedo. Muito mais tarde, em 1990 e bolinha, a não tão jovem escritora viria a cair em Ponta Grossa.
Dos anjos que caem, Rachel literalmente cairia próximo à Avenida Bonifácio Vilela. Do outro lado, um profundo entendedor da Literatura assistiria à cena que seguia. Rachel, ajudada a levantar-se, foi levada ao hospital.
Resiliente, ainda, foi à Universidade prestar sua palestra. Conta-se que enfaixada et cetera. E, olha a coincidência, o entendedor encontrara-a novamente. Rachel poderia não saber, mas as conexões humanas se dão de formas tão incomparáveis que passei dias da minha vida construindo todo o cenário de sua queda em minha mente.
Rachel, dos Quinze, é tão inigualável porque, segundo o bom entendedor literário, diante da escassez de histórias de vida, escreveu sua obra-prima. Em riqueza literária, que somente muitos anos de vida poderiam criar.
Nunca a conheci. Mas sinto suas marcas quando piso naquela avenida, vejo suas sombras nas esquinas de uma memória que não tive. E a Rachel dos Quinze, que vive para sempre dentro do seu livro, talvez como anjo realmente por aqui ainda transite.