Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, natural de Palmeira, residente em Ponta Grossa.
Em
tempos hodiernos, locar uma caixa postal em uma agência dos Correios se dá
apenas para empresas, que necessitam enviar e receber alguns documentos cujo
meio digital ainda não conseguiu substituir, ou para que as encomendas tenham
um destino mais seguro.
Porém,
antes dos e-mails, das virtualidades, das caixinhas que carregamos nos
bolsos e mãos, cujo nome diz uma coisa, mas para essa coisa pouco usamos, ou
seja, o telefone celular, as comunicações eram diferentes.
Para
o imediato, o telefone, fixo, que em tempos antigos precisava de uma
telefonista para operar as ligações. O primeiro lá de casa, em Palmeira, era o
136. A evolução do número se deu em 52-1336, passando para 252-1336 e
posteriormente 3252-1336.
Coincidência
ou não, meu pai tinha locado nas agências dos Correios de Palmeira, uma caixa
postal com o número 36. Essa agência, localizada no início da rua Conceição,
tem um prédio de uma arquitetura belíssima, década de 1950, creio, com seu
recuo em relação à rua, e o piso do salão principal todo diferenciado.
Meu
pai recebia regularmente correspondências, desde contas, cartas, cartas das
agências bancárias, propagandas, mas seu maior fluxo era de próteses dentárias,
enviadas pelo protético de Ponta Grossa. Seu Mário tirava um tempo do
consultório para subir a Conceição, passar no correio e depois seguir até as
lidas bancárias. Sempre depois das dez da manhã. A chave era quadradinha,
marronzinha, e pequena. Não perca, me dizia ele. Ah, cartões de natal, quantos
cartões de natal recebíamos.
Muito
usei esse endereço, recebendo todo tipo de correspondência. Cartas, livros,
folhetos técnicos, revistas (inclusive algumas estrangeiras, me achava o
máximo) e raras encomendas. Também muito escrevi e muitos selos colei em
envelopes, garantindo a chegada das correspondências até seus destinos.
Receber
um telegrama era uma coisa de outro mundo. Lembro-me de um dos primeiros que
vieram endereçados a mim, convocando para assumir o emprego de extensionista na
Acarpa. Uma emoção ímpar, proporcionando-me o primeiro voo solo enquanto pessoa
e profissional.
Caixa
Postal 36, CEP 84130-000, Palmeira – Paraná era o endereço constante de minha
casa, quase ofuscando a Rua Coronel Pedro Ferreira, 183, onde nasci, e depois,
atravessando a rua, a Praça Marechal Floriano Peixoto, 144, onde vivi minha
adolescência.
Quem
será que está lá hoje?
Em tempo: 36 é cobra na cabeça!
Que linda lembrança... A nossa caixa postal em Paranaguá era 287.. e Deus me livre perder a chavinha kkkkk.
ResponderExcluirDeus nos livre, chavinha era sagrada!!!
ExcluirOlá, Mário! Há quanto tempo não nos vemos! Parabéns pela seleção da semana neste Projeto.
ResponderExcluirGrato, Sueli.
Excluir526-1421, primeiro telefone de meu pai. Inesquecível. Que crônica oportuna. (Ass: Murilo).
ResponderExcluirGrato, Murilo. Lembranças, lembranças, doces lembranças!
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