Texto de autoria de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, Professora de Português e Inglês, residente em Ponta Grossa.
Tinha eu apenas ilusões, pelos meus
vinte anos. Argumentava para mim mesma, com a ingenuidade infantil, e sem
progredir nas teses para uma conclusão. Estereótipo ideal para sobreviver bem,
naqueles “anos de chumbo”. Digo “sobreviver bem”, pretendendo insinuar uma antítese
mascarada, pois, sobreviver parece bom, entretanto, contém a ideia de um mal
que foi incapaz de nos matar, mas nos causou danos. Insinuo, com o advérbio
bem, apenas que poderia ter sido pior.
Ponta Grossa ganha o título de Capital
da Soja, por entre um burburinho acerca do gênero da ilustre leguminosa, dado
tratar-se de: ela, a planta leguminosa; ou ele, o feijão soja. Vence o
feminino: encontrei hoje no Google, uma qualificação muito difundida, naquela
época, atestando que “A soja (Glycine max) é uma planta herbácea
anual pertencente à família das leguminosas (Fabaceae). Originária da China, a
soja é cultivada amplamente em todo o mundo devido ao seu alto valor
nutricional e versatilidade na culinária”. E eu que já questionava o inexistente
Google, especialmente sobre a “versatilidade culinária”... Minha irmã era
técnica de extensão rural na Acarpa, e aparecia em casa com receitas e
processos de utilização da soja na alimentação. Bolinhos, pães, sopas,
cremes... (e minhas reticências). Tudo horrível! E trabalhoso! Ferver a soja,
descascar a soja, amassar a soja, até produzir o leite e o... farelo... O qual
tem a propriedade de substituir a proteína da carne!
E
havia o concurso anual de Rainha da Soja, no qual quase concorri, representando
o SESC, onde o saudoso Flávio Fanucchi dava curso de teatro. Eu me saí muito
bem na p r o v a e s c r i t a..., o que..., aparentemente...,
me qualificava para me candidatar, pois me convidaram! Ou porque ninguém mais
quis! Obviamente não aceitei. Creio que minhas reticências representam bem os
meus “argumentos com ingenuidade infantil sem progressão para uma conclusão”
para que eu não aceitasse.
Os
fatos, hoje: milhares de produtos da alimentação humana “podem conter soja”.
Assim como “podem conter leite, glúten, cevada, amendoim, castanha...” Levante
a mão quem procura soja no mercado para cozinhar como prato principal... Assim,
eu questiono a “versatilidade culinária” da soja. E concluo: comemos soja na
carne bovina, suína, franguina, (canina, não, porque ainda não comemos
cachorros...), e óleo de soja, que faz mal.
A
soja – commodity vedete do agronegócio, que põe comida no prato dos brasileiros...,
às vezes... ocupando áreas de preservação ambiental.
Que texto ótimo, Rosicler, várias camadas misturando o macro com as memórias pessoais. Acho que é um dos meus textos favoritos, escritos por você. Abração.
ResponderExcluirMuitíssimo agradecida, Murilo!
ExcluirMe fez sentir saudade da carne de soja que comia no Colégio (à época). A degustei aqui via minha saliva (hehehe).
ResponderExcluirAt.te
Bom saber que algumas linhas de meus escritos são capazes de produzir uma recordação salivante! Obrigada!
ResponderExcluirLevantei a mão! Eu não procuro soja no mercado para fazer algum prato. Se você tivesse sido candidata eu teria uma amiga "rainha". Muito bom texto, Rosicler!
ResponderExcluirRosicler que texto excelente. Adorei!!! Sílvia.
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