segunda-feira, 11 de março de 2024

Metáfora do moinho

Texto de autoria de Sílvia Maria Derbli Schafranski, advogada e Mestre em Ciências Sociais pela UEPG, residente em Ponta Grossa.

Publicado no Diário dos Campos em 13/03/2024, e no Jornal Página Um em 15/03/2024.

No coração da pequena Colônia Castrolanda, encravada no interior do Paraná, ergue-se majestoso o imponente moinho de vento, um dos símbolos mais marcantes da região.

Elevam-se as grandes pás giratórias e estrutura de madeira robusta. Não apenas um marco histórico, é também um ponto de referência para moradores e visitantes.

Naquela tarde ensolarada, enquanto o movimento turístico se intensificava, algo incomum acontecia. Entre os turistas tirando fotos e os moradores aproveitando o dia de folga, uma figura se esgueirava pelas sombras, tentando passar despercebida.

Era Ariel, um jovem inquieto em busca de um momento de paz e introspecção. Envolto pelo ruído da cidade e as conversas animadas dos visitantes, seus pensamentos pareciam barulhentos demais: – O moinho, erguido como um guardião solene na vastidão da paisagem, é mais do que uma estrutura de madeira que desafia o vento. Ele é um símbolo poderoso, um eco sussurrante da jornada humana através das estações da vida, pensou.

Em meio aos seus pensamentos, ouviu um guia gritar: – Vejam senhores esse moinho, com sua capacidade de transformar o vento em energia, nos ensina a arte da adaptação. Assim como ele ajusta as velas para aproveitar ao máximo cada rajada, nós também aprendemos a ajustar nossas velas da alma, navegando com coragem e sabedoria através das mudanças que a vida nos impõe.

Ariel imediatamente pensou: – À medida que as estações passam e os anos fluem como rios sinuosos, o moinho permanece como um farol silencioso de esperança e renovação. Ele nos lembra que, mesmo em momentos sombrios, há sempre a promessa de uma nova aurora, um novo começo esperando para nascer.

Enquanto o sol se punha lentamente, Ariel finalmente emergiu do moinho, renovado e revitalizado. Ao sair, trouxe consigo um pouco da calma e da serenidade que encontrara naquele lugar tão especial.

Quando contemplou o moinho, viu não apenas uma estrutura de madeira, mas o reflexo da própria jornada. Metaforicamente se imaginou como suas pás, girando, impulsionado pela força dos ventos da mudança. Descobriu que cada revés, cada desafio, é apenas mais uma oportunidade de crescer, de aprender, e sedimentar verdadeiros valores.

Para Ariel, o moinho se tornou um símbolo de resiliência. Entendeu que somos capazes de transformar as tempestades em calmarias, assim como o moinho converte o vento em energia.

E assim seguiu seu caminho, com propósito de voar alto e livre, como as pás de um moinho, em direção aos sonhos mais audaciosos.

8 comentários:

  1. Em nossos tempos, duros e hostis, a resiliência é uma ferramenta indispensável para o equilíbrio mental. Lindíssima esta crônica!

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  2. O ser humano, na efervescência da vida, de um cotidiano ruidoso, necessita de momentos de paz, de silêncio e de introspecção para reequilibrar-se física e mentalmente. Perfeita analogia com o moinho.

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  3. ROSICLER ANTONIÁCOMI11 de março de 2024 às 15:21

    Que linda analogia: as pás são as asas para um voo interior! Confesso que o título estava me levando para outras paragens, relembrando de Dom Quixote!

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  4. Sempre que penso em moinho me ocorre a metáfora do tempo que destrói tudo, apreciei essa reimaginação, com seu viés mais positivo, obrigado pelo texto.

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