Texto de autoria de Luiz Murilo Verussa Ramalho, servidor do Ministério Público Estadual, residente em Ponta Grossa.
Como bom
canceriano, não creio em signos, fluídos, simpatias, energias, unicórnios,
horóscopo, destino, karmas, shakras, sortes, figas, sinas e, como
sabem todos os que estão na mesma barca, o não acreditar também é uma prisão.
Ainda assim, na hierarquia dos esoterismos que abusam de nossa boa-fé, nenhum
dos citados rivaliza com certos outros que nos rondam para atacar nos momentos
mais inconvenientes.
Há alguns dias,
levantei os olhos do chopp para escutar um sujeito que se aproximou oferecendo
uma oportunidade única. Tratava-se de uma oferta, na verdade uma
embrulhada dos diabos, que envolvia aquisição de Bitcoins (melhor, criptomoedas,
sorry, Faria Lima), associada à construção de imóveis que integram um
conjunto habitacional que supostamente está saindo nos arrabaldes da cidade.
Depois de perguntar o que faço da vida e ouvir de mim que sou engenheiro civil
(tenho uma cascata para cada situação dessas, geralmente digo professor de
artes, mas resolvi dar corda), disse-me que, “como eu sei”, nossa cidade possui
um potencial infinito para o crescimento imobiliário, viabilizando consecução
tranquila das expectativas de rendimento. Citou estatísticas de alvarás,
construções e edificações liberados pela Administração Municipal, números que
posteriormente verifiquei serem autênticos, conforme noticiado pela imprensa
local, o que me levou a vê-lo até com alguma simpatia; o mercado do estelionato
é competitivo e demanda capacitação continuada.
Lendo as metas
que ele rabiscou no guardanapo, confesso, foi difícil manter o semblante neutro
de investidor. Em matéria de matemática estou para lá da ignorância, mas, pelas
contas que fiz rapidamente, em dez anos, conforme o perfil aplicador
moderado (porque ganância é um hábito feio, mas, ainda assim, com possibilidade
de a economia andar melhor que o previsto, propiciando retornos ainda maiores)
eu lucraria cerca de 10 vezes o PIB brasileiro. Cidade promissora, o nosso
Eldorado princesino. Os contadores me aguardem.
Firmei
compromisso de fechar negócio no próximo dia útil, dei “meu” telefone (na
verdade, o do meu compadre Luiz Felipe, que é engenheiro mesmo e, por morar em
outra cidade e não ler estas páginas, vai continuar sem entender por que tantos
golpistas o procuram) e meu anjo benfeitor foi embora de passinho curto,
sorriso de quem roubou mais uma alma para o Pregão dos trambiqueiros.
Que as procure na próxima barca
Oi, Murilo. Também acredito que o mercado do estelionato é competitivo e demanda capacitação continuada. Os que são do bem têm que correr para acompanhar os novos métodos cada vez mais sofisticados deles e não serem prejudicados. Neste caso só falta acertar com o compadre. Hehehe
ResponderExcluirPois olhe, Sueli, eu prego essa peça sem peso na consciência nem medo de dar errado, pq o amigo é até mais pé atrás do que eu para essas façanhas da fauna dos estelionatários kkkk
ExcluirDe mim não tiram nada, porque não tenho... Apenas ganho me divertindo com Sua Excelência, o texto de Luiz Murilo Ramalho. Peripécias encantadoras!!!
ResponderExcluirObrigado pelo gentil comentário!
ExcluirOlá sr. Luiz, espero que estejas tudo bem contigo.
ResponderExcluirAgradeço a "resenha" via sua crônica. Quase morri com essa de passar o contato do compadre! Vou adotar...
Coitado do meu, pois só tenho um - Toda "barca" de agora em diante, irá para ele (hehehe).
Mais uma vez obrigado;
abraço!
At.te
Antonio Marques.
Apenas convém fazer um estudo de caso no compadre para verificar se não tem risco de ele aderir! Abraço, Antonio!
ExcluirKKKKKKKKKK.
ExcluirPior (hehehe)!
Abraço.
Belo texto, Luiz. E muito esperto seu amigo. Depois me conta de seus lucros!!! kkkk
ResponderExcluirAbraço, Mario!
ExcluirUm ótimo texto!
ResponderExcluirTeu compadre vai ficar bilionário! Hahaha!
Nesse caso, vou querer a taxa de corretagem hehe
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