Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, residente em Ponta Grossa.
No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, a rodovia PR 151, entre
Palmeira e Ponta Grossa, recebeu a pavimentação e tornou-se uma artéria de
grande valor, não só para os Campos Gerais, como também para o Paraná e para o
Brasil.
Lembro-me que essa pavimentação não
ocorreu em uma única etapa. Começaram pavimentando até a ponte do Rio Tibagi,
para que o Aeroporto Sant’Ana pudesse ser acessado com mais facilidade. Depois
a pavimentação foi até a ponte do Rio Caniú, na divisa entre Palmeira e Ponta
Grossa. Somente depois de consolidados esses trechos, o asfalto chegou até
Palmeira.
Logo após o Colégio Agrícola de
Palmeira, arraigado às margens da rodovia desde os tempos de Getúlio Vargas, o
Benfica (nome muito sugestivo) surge humilde com sua Capela do Divino Espírito
Santo, juntamente com suas casas e seu ar bucólico, delicioso e relaxante. Para
quem não sabe, pouco antes do Lago, podemos descer até o vale do Rio Tibagi,
onde, bem próximo à linha do trem, os pesqueiros são bem visitados.
O Lago se tornou famoso no Brasil,
pois é um Lago que não tem lago. A comunidade, em sua maioria poloneses, mas
com muitos alemães e alguns japoneses, é pujante e toma um tempo delicioso na
passagem pelo seu meio. A Igreja da Nossa Senhora do Lago é um patrimônio
arquitetônico que merece uma atenção especial. Descemos até o Rio Caniú, e
estamos no município de Ponta Grossa.
Na subida, à direita, temos o acesso à
Comunidade do Santa Cruz, a colônia dos Russos. Confesso que poucas vezes fui
até lá, e poucos contatos com os russos eu tive, mas muitas histórias me foram
contadas. Em outra crônica, talvez traga algumas.
Um dos locais mais emblemáticos nesse caminho é a Colônia Sutil. Composta de Quilombolas, a colônia dos Pretos, como eu ouvia quando criança, se mostra pouco na beira na rodovia, mas ocupa um importante espaço nas terras ponta-grossenses, não somente físico, mas também cultural. Muitos estudos, muita pesquisa por parte da UEPG, conta essa história detalhadamente, e mostra que os Campos Gerais também foram construídos pelo sangue negro, que se encontra semeado nas entranhas de nossas terras, pelos chicotes dos feitores.
Contrastando de forma nada sutil, o Ponta Grossa Golf Club também está inserido nesse caminho.
Chegamos aos areais do Rio Tibagi,
passamos a cabeceira da pista do aeroporto e somos recepcionados no Cará-Cará.
Não tenho ideia de quantas vezes
passei por esse caminho, mas creio ser capaz de passar por ele de olhos
fechados.
Ótimo texto!
ResponderExcluirGrato.
ExcluirViajei junto.... Conheço cada pedacinho dessa estrada...
ResponderExcluirDelícia
ExcluirFiz esse caminho todo fim de semana durante seis anos, indo e vindo para São João do Triunfo, e tenho histórias já contadas e por contar, especialmente de um período crítico de intensas chuvas coincidindo com o asfaltamento adiante de Palmeira.
ResponderExcluirEra uma época complicada!!!
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