Texto de autoria de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, Professora de Português e Inglês, Ponta Grossa.
Postado no Portal aRede em 07/09/2022, e no Portal CulturAção em 21/11/2022.
Hoje
resolvi testar uma receita de bolo cocada, que vi no YouTube. Bem,
testar a receita não era bem a questão, eu tinha que testar a minha capacidade
de chef com essa receita, pois terei que preparar uma iguaria para o arraiá
do condomínio. Outra pessoa se adiantou para oferecer cachorro quente, que é
justamente o que eu sei fazer... Então... cocada, bolo, arraiá... Melhor
testar. Tão bonitinho aquele caramelo, no vídeo... Cor de... caramelo. O meu
ficou... mais escuro. Ah, no vídeo sempre fica mais bonito. Minha massa até que
ficou semelhante, embora eu tenha trocado o trigo por um combo de farinhas sem
glúten. Desconfiei que a massa, embora bonitinha, pudesse estragar meu teste.
Mas não. Saiu do forno com uma cara boa. “Deixe cinco minutos esfriando, não
mais, para o caramelo da cocada não misturar com a massa”. Cinco minutos
depois: o bolo não queria sair da forma... saiu... parte da cocada, ainda
rebelada, acabou desgrudando e caindo de um modo... plaft, em cima do
bolo. Tudo bem. Ficou meio calombuda aquela cobertura, mas... Epa! Os
calombos resolveram escorregar do topo do bolo para fora e para dentro da
cratera, como uma lava inCANdecente, que nada segurava, sem que se
aderisse peRIgajosamente. Então lancei meu olhar condescendente para o
meu bolo vulcão e decidi seguir as instruções do vídeo: “depois de desenformar,
espere o bolo esfriar, antes de cortar”. Praticamente frio, decidi cortar, para
testar a rigidez da lava. Rígida. Mas cortável, se utilizada a estratégia adequada,
usando uma faca, e com FORTE pressão e rebolados cortantes. Terrivelmente doce.
Mastigável por fortes mandíbulas. O gosto daquela lava-cocada me lembrou a
cocada puxa-puxa que um cocadeiro vendia na saída do Regente, diretamente da
fôrma em que fora preparada. Deliciosa, com pedaços grandes de coco, que eu
adorava. Ele também cortava com uma espátula afiada que rebolava ao cortar.
Porém, aquela cocada não vinha despencando de cima de uma massa fofinha... como
a massa do meu bolo vulcão, incapaz de resistir a tamanha pressão e rebolado.
Meu olhar condescendente ainda não estava a ponto de julgar o teste um perfeito
desastre, apesar do rombo causado pelo corte esmigalhador: o sabor estava
ótimo, nem parecia massa sem glúten, se me entendem. Esperei a hora do café
para saborear meu bolo vulcão depois do resfriamento total da lava. Pense numa
cocada-lava resfriada, virada numa rocha vulcânica... ao redor de uma cratera
rombuda de massa fofinha...
Lembro bem da cocada puxa-puxa vendida na saída do Regente. Uma delícia que poderia até quebrar um dente! Não ficou como você pretendia, mas garanto que não vai sobrar nada. Boa história, contada com bom humor. Parabéns, Rosicler!
ResponderExcluirObrigada pelo comentário, amiga Sueli. A massa foi toda consumida, a lava vulcânica durou dois dias, esperando alguém decidido a quebrar os dentes. Apareceu um formigão decidido a não deixar uma cocada se perder... Não quebrou nenhum dente, que eu saiba! Rsrsrs
ResponderExcluirFoi de juntar água na boca! Parabéns pela narrativa, como sempre muito criativa!
ResponderExcluirUfa! Me vi fazendo "bolo vulcão" e no final não sobrar nem um pedacinho...
ResponderExcluirParabéns Rosicler!
Se o bolo ficou ou não apetitoso não posso opinar…. Eu não vi… não provei… Mas a narrativa… Ahhh…. A narrativa da confecção do bolo simplesmente espetacular… nos leva para a cozinha , preparando a cocada fazendo todos os movimentos e com toda a expectativa que a doceira experimenta…. Obrigada Rosicler por participar esta aventura com todo o sabor das cocadas citadas no conto!!! Um grande abraço!!!
ResponderExcluirNão sou anônima… sou a Maria Elizabet Dal Col
ResponderExcluirSimão, a Beti trabalhamos juntas no BB