Texto de autoria de Mário
Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, residente em Ponta
Grossa.
Para quem nasceu e cresceu em
Palmeira, e tinha um meio de locomoção na família, era quase uma obrigação
passar os domingos de verão às margens do Rio dos Papagaios, no Recanto.
A famosa ponte, construída nos tempos
do império, que permitia a ligação do interior do estado à capital paranaense,
sempre foi moldura para fotos, romances, piqueniques e muita diversão. Chegar
cedo, para garantir a mesa de concreto, construída pelo DER, logo abaixo da
ponte, era uma obrigação.
Logo em frente desta, após algumas
corredeiras do rio, um “poço” garantia a diversão das crianças e dos adultos, com
a água sempre limpa e com uma temperatura sempre agradável, ao menos para nós, crianças;
nessa piscina natural aprendi a nadar, mergulhar, prender a respiração embaixo
d’água e a brincar como um pequeno peixe de rio.
Meu pai era vegetariano, então o churrasco
nunca era uma opção. Porém, o empadão de requeijão ou de palmito, os sanduíches
de queijo, aquele Poronguinho, típico palmeirense, ou então os cachorros-quentes
e algumas frutas, carinhosamente preparadas pela nossa mãe, eram nosso sustento
do domingo. Ah, claro, não podiam faltar os refrigerantes, que nos eram
permitidos com menos parcimônia neste ambiente.
Como ele, meu pai, não sabia nadar, a
diversão que lhe agradava era a pescaria. Ele subia o rio com seus caniços,
linhas e minhocas, e passava horas sentado às suas margens, tentando pescar. Um
ou dois lambaris, às vezes um bagrinho, eram os seus troféus.
Explorar o recanto era também uma
parte importante das aventuras domingueiras. Saíamos a andar por aquele imenso
lugar, a banhar-se na piscina de água corrente, a brincar no parquinho que lá
havia, que eram tubos de concreto a formar um pequeno trem, algumas gangorras
que rangiam o dia todo, suas pequenas cachoeiras e corredeiras. Além disso, as
românticas pontes em arco sobre as diversas passagens dos córregos afluentes,
fartamente registradas nos álbuns de muitas famílias dos Campos Gerais.
Não havia competição sonora, e o muito
que escutávamos eram alguns rádios dos carros a narrar os embates
futebolísticos de fim de tarde. A família toda divertia-se, comia, conversava,
brincava. Quase sempre um pequeno esfolado, advindo de um escorregão nas
corredeiras, era a cereja a enfeitar nossos joelhos e cotovelos.
O retorno até Palmeira era, quase
sempre, marcado pelo silêncio das crianças dormindo no banco traseiro do carro,
ou pela disputa do último pedaço de empadão.
E quem, não é, Mário, não curtiu um domingo de sol e calor no Recanto? Nos bons tempos de ir até lá, tomar banho nas piscinas naturais, fazer caminhadas e chegar em casa, já a noitinha, exausto por tanta atividade em um dia repleto de diversão.
ResponderExcluirSempre foi maravilhoso.
ExcluirQue lindo texto, abordando uma das diversões preferidas das crianças de algumas décadas atrás! Atualmente computador e celular disputam essa preferência, mas não deixarão lembranças tão agradáveis!
ResponderExcluirAinda existem pais que insistem em diversões à moda antiga!!!
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