Texto de autoria de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, Professora de Português e Inglês, Ponta Grossa.
Lida na CBN Ponta Grossa em 27/11/2020, postado no Portal aRede em 06/01/2021.
Sentado com a postura ereta numa das
cadeiras da seção de sócios, os olhos vivos e os ouvidos atentos a qualquer
movimento no campo, ele parece diferente dos demais torcedores pelo fato de não
expressar palavra. Nada a dizer: nem palavrão ou xingamentos para o juiz, nem
palavras de incentivo ou aplauso pelas jogadas.
Ninguém mais se importa com ele ali
sentado, acostumados com sua presença. É como um talismã de sorte, desde que
começou a frequentar aquela seção reservada das arquibancadas.
Operário Ferroviário Esporte Clube, o
Fantasma da Vila, estava em excelente campanha. Naquele ano sagrou-se campeão
paranaense da primeira divisão.
Dos torcedores que assistiam não só as
partidas em casa, mas também aos treinos, ele era o mais ansioso à espera da
entrada em campo dos guerreiros alvinegros. Nesse momento saltitava, como se
uma corda o prendesse para que não desandasse arquibancada abaixo para entrar
em campo também, e correr atrás da bola.
Alguns torcedores, no início, achavam
estranha sua presença, afinal, ele era um "diferente" e isso
incomodava. Tentaram até bani-lo, impedir que adentrasse ao Estádio Germano
Krüger em dias de partida em casa.
Nada o impedia. Estava sempre lá. De
início, sorrateiramente, ocupando lugares discretos, andando de cabeça baixa
por entre os demais torcedores, evitando encarar, para passar despercebido.
Mas a boa campanha do Fantasma, aos poucos,
começou a ser associada à sua presença, e ele começou a ser alvo de agrados,
para que se sentasse junto a esse ou aquele grupo de torcedores. Virou
celebridade. Saiu no jornal, no youtube, nas redes sociais.
Todos o queriam por perto, até que foi parar
na seção reservada dos sócios. E entre os torcedores mais
empenhados, lá estava, em todas as partidas em casa, um belo vira-lata de pelos
arruivados, postura ereta na cadeira, atento ao jogo.
É o Cachorro do Fantasma, baita torcedor
de um time bom pra cachorro. Ser torcedor do Fantasma rendeu-lhe agrados,
comida farta, até cervejinha. E se não fosse um vira-lata de boa estirpe, que
ama sua liberdade, não teria escolhido por matilha a carismática torcida
alvinegra, que o acolheu como a um igual, apesar da diferença.
E continuamos torcendo pelo nosso Fantasma, por nossos escritores, por projetos tão importantes como este. Obrigada pela oportunidade de estar entre os excelentes cronistas que tem participado com suas obras.
ResponderExcluirMarlene Castanho
ResponderExcluirRosicler, "Time bom pra cachorro" me conquistou desde o início...Que cachorro ousado esse! Conquistou todo mundo na raça KKK. Parabéns!, e obrigada por estar aqui, compartilhando conosco...
Rosicler, o nosso Fantasma merecia ser tema de uma crônica pois é um time bom pra cachorro como você ressaltou. Através do seu texto, uma homenagem ao Operário Ferroviário, que deu muitas alegrias aos seus torcedores. Parabéns, amiga!
ResponderExcluirAgora poderemos nos deliciar com novos textos, com a reedição do projeto. Parabéns aos organizadores, hein, amiga?
ExcluirCertamente, Rosicler! Oportunidades de ler e de escrever novos textos. Feliz com o retorno do Projeto!
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