Texto de autoria de Murillo Emanuel de Lara, estudante de Administração da UEPG, estagiário da Prefeitura de Ponta Grossa.
Postado no Portal aRede em 18/11/2020, publicado no Correio Carambeiense em 12/12/2020, lido na CBN Ponta Grossa em 29/01/2021.
Mais um dia normal na vida do Seu
Joaquim. Normal na medida do possível. Com quase um ano de pandemia e de
máscaras no rosto ─ Deus, como as odiava ─, já fazia algum tempo que o Seu
Joaquim não via o parque recheado de crianças e os bares da vizinhança cheios com
seus velhos amigos que se reuniam toda sexta para tomar aquela cervejinha em um
copo americano, mas ele ia sobrevivendo como podia, ele e a Dona Marta, sua
esposa.
Nesse dia em específico, ele saiu de
casa para ir ao centro da cidade pagar seu boleto da internet ─ no mês anterior
haviam cortado sua internet, ele não queria que isso se repetisse, não hoje ─, mais
tarde Teodoro e Sampaio iriam fazer uma live no YouTube e ele não queria
perder, justo agora que tinha aprendido a “lidar” nessas coisas. Seu filho,
Roberto, estava viajando e não poderia pagar seu boleto e a sua filha mais
nova, Aline, estava passando o final de semana na casa do novo namorado, um tal
de Jonatan, ou qualquer coisa parecida. Seu Joaquim não gostava dele e não
aprovava esse namoro. Seguiu seu caminho em direção ao ponto de ônibus, até que
viu a Dona Elizabeth, sua vizinha há anos, sempre se reuniam para tomar um
chimarrão e falar mal dos vizinhos que acabaram de se mudar para o bairro. Ao
avistá-la, não hesitou em falar: ─ Bom dia, Dona Bete, bão? Como está tudo? ─,
ela abaixou a cabeça e passou reto por ele. ─ Deve ter brigado com o Seu
Alfredo ─, pensou.
Seguiu seu caminho e procurou não
pensar sobre o assunto. Chegando ao ponto de ônibus, que estava cheio, notou
algumas pessoas olhando torto para ele e algumas se afastaram. ─ As pessoas não
têm mais respeito com os mais velhos como antigamente ─, matutou aborrecido.
O ônibus chegou, todos entraram e
quando chegou a vez do Seu Joaquim entrar, ouviu: ─ Sinto muito, senhor, mas
não pode entrar, não ─. Ele poderia aturar desaforo dos vizinhos, mas do
motorista de ônibus já era exagero. Retrucou: ─ E quem é você para dizer se eu
posso ou não entrar? ─, foi só então que ele ergueu a cabeça e olhou para o
rosto do motorista e notou que ele usava uma mascara azul com um bordado
escrito “VCG” e percebeu o que estava acontecendo.
Ele havia esquecido a sua máscara na
cabeceira da cama.
Olá, Murillo, bem-vindo ao grupo! Essas máscaras enlouquecem qualquer um e não só o Seu Joaquim. Atire a primeira pedra aquele que não se viu na mesma situação constrangedora. E dá uma raiva! Parabéns pelo texto com conteúdo bem atual.
ResponderExcluirObrigado pelas boas vindas! Fico feliz em contribuir para algo tão importante. Sim, as máscaras são complicadas de lidar mesmo hahaha. Obrigado pelo comentário e espero ter agradado com o conteúdo!!
ExcluirMarlene Castanho
ResponderExcluirMurilo Emanuel, você retratou no texto exatamente o que anda acontecendo... Às vezes da um branco, e o esquecimento da bendita máscara acontece. Mancada imperdoável...KKK Sua crônica faz refletir e rir... Muito bom, gostei muito da leitura...
Obrigado! Fico feliz que tenha gostado da leitura HAHAHA E sim, essa situação se tornou muito frequente hoje em dia, infelizmente. A tal da máscara só incomoda.
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