Texto de autoria de Sueli Maria Buss Fernandes, Professora aposentada, Ponta Grossa.
Publicado no Correio Carambeiense em 17/10/2020, postado no Portal aRede em 16/12/2020.
Chega
o ano de 2020. No coração de todos o desejo de atingir metas, de realizar
projetos, de sonhar sonhos. Aquela viagem há muito planejada não sai da cabeça,
a festa de 15 anos da menina, os churrascos de domingo. Plano de conseguir o
primeiro emprego, buscar uma promoção por mérito, a aposentadoria depois de
cumprir o tempo de trabalho, uma cirurgia necessária. O intuito é sempre o de
ser feliz, resolver as pendengas do ano anterior e seguir a vida como ela
sempre foi. Continuar aspirando a novas oportunidades, o casamento marcado, ter
o primeiro filho ou o segundo para ser companheiro do primeiro. Ah, quantos
sonhos lindos! Mal sabíamos que uma pandemia invadiria nossa vida e,
maldosamente, rasgaria nossa lista de desejos traçados no primeiro dia do ano.
Não se apresentou a ninguém, não pediu licença para entrar. Veio de roldão,
tomando a todos de assalto, fazendo-nos reféns no cativeiro. Com sua mão rude riscou
nossos planos da agenda, agora abandonada no criado-mudo.
Já
é outubro e o ano de tantas mudanças está terminando, mas a esperança não. O
comércio, tão prejudicado pela pandemia, começa a tirar a cabeça pra fora
d'água. Exibe decorações de Natal em suas vitrines e as crianças fazem seus
inocentes pedidos ao Papai Noel: carrinho, bolas, bonecas ou um celular. As
cores deste outubro foram inesperadas. O laranja avermelhado dos incêndios
implacáveis e destruidores, os múltiplos tons de cinza da fumaça das queimadas,
o azul-claro do céu sem nuvens de chuva. Campos Gerais em alerta! Cores de
coisas que chocam e preocupam. Quase esquecemos de que estamos em plena
primavera no Hemisfério Sul. Esticando o olhar para qualquer lado onde a vista
alcance, a cor dos ipês floridos enfeitando praças, ruas, jardins e
quintais. É a estação mais bonita e
colorida do ano.
Para
as mulheres o mês de outubro tem mais uma cor, o rosa. Um movimento
internacional criado em Nova Iorque, em 1990, visava alertar para os cuidados
na detecção e no tratamento do câncer de mama, denominado “Outubro rosa”. A
primeira ação no Brasil aconteceu somente em 2002 quando o obelisco do Parque
Ibirapuera foi iluminado de cor-de-rosa. Aos poucos a campanha obtêm resultados
mais efetivos, com a conscientização de que a doença é fatal,
porém tem grande potencial de cura desde que constatada precocemente. Outubro
ainda reserva outras cores no dia da padroeira do Brasil. A imagem da santa
negra, com o sol dourado a pino, recebendo acenos de lenços brancos.
Marlene Castanho
ResponderExcluirA turbulência é grande e não é brincadeira. O ano de 2020 jamais será esquecido por nós. Muitas perguntas a respeito desse momento certamente ficarão sem respostas... Mas, contudo, chegamos até aqui, remando contra a maré, cheios de esperança... Vislumbramos, o mais rápido possível e cheios de expectativas, adentrar em 2021: ares renovados e cores suaves irão nos surpreender 🙏...
"Cores de outubro"... Sueli,fez muito bem em registrar aqui esse momento singular... Parabéns!
Prezada Marlene, depois de tantos sobressaltos, medos e frustrações, espero que o ano vindouro venha repleto de verde e branco: esperança e paz. O mundo merece! Obrigada pelo comentário.
ExcluirDepois de ler sua crônica Sueli Fernandes, fiquei imaginando a imagem de uma santa negra, com um véu rosa e o arco íris ao fundo; representando a diversidade social e cultural que está impregnada e faz parte da sociedade brasileira. Ainda que alguns reneguem - pelo fato de não ter essa "consciência".
ResponderExcluirPena eu não saber desenhar.
A inspiração "bateu"!
Fico só a imaginar...
At.te
Caro Antonio, a imaginação não tem limites, você fez um voo nela e deu vazão ao seu imaginário com todas as cores do arco íris. Tente desenhar. Quem sabe no futuro vejamos nossas crônicas com suas ilustrações! Obrigada pelo comentário.
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