Texto de autoria de Lenita Stark, Artista Visual, Ponta Grossa.
Publicado no Diário dos Campos em 05/08/2020, e revisada em 11/08/2020, postada no Portal aRede em 30/09/2020, lida na CBN Ponta Grossa em 05/02/2021.
Ela já estava
ali, muito antes da UEPG. Quantos jovens universitários por essa calçada
passaram, num vai e vem tresloucado, dias, semanas, meses e anos. Muitas
fachadas foram modificadas, arquitetura histórica nessa mesma quadra foi
completamente desfigurada de sua originalidade. Outras foram demolidas. Essa
casa sobreviveu às demolições. Ficou intacta, não houve nenhuma mudança na sua
estrutura e nem reformas ou conservação.
Suas janelas,
olhos já cansados de olhar o vai e vem de transeuntes, alunos, professores e
funcionários dessa instituição, responsável pela grande movimentação no
entorno.
As paredes
dialogam. Contemplando-a podemos sentir ecos do passado. Bares, lanchonetes,
livrarias e muitas outras empresas por ali se estabeleceram, algumas mudaram,
outras findaram. Ela sempre ali, contingente, sempre à espreita de qualquer
acontecimento.
Seu extenso
quintal foi tomado, em estacionamento transformado, ficando um pequeno pedaço
de chão nos fundos da casa. Ah! Mas, ela não se afetou, continuou firme,
lutando contra o tempo. Mesmo faltando janela, com rombos na alvenaria,
ferrugens e ausência de cor. Habitada, continua altiva e sem vergonha de seu
cenário abandonado. É símbolo de resistência, remanescência d’um passado
glorioso, uma arquitetura forte e resistente.
Em suas
paredes a natureza faz morada… a vegetação ali encontrou terreno fértil, entre
os desgastes do cimento e tijolos, as raízes vão se alastrando, o verde
contrasta com o desbotado de suas paredes. Na janela frontal, a samambaia se
ajeitou num cantinho para crescer na sombra, na beira da calçada, com
perspectiva para a movimentação e emoções.
“O abandono como plenitude. A consciência de um mundo em ruínas revela a possibilidade de realização por meio de osmose com a natureza… “
André Ibañez.
Marlene Castanho
ResponderExcluirBendita seja a virtude do saber...
Só mesmo quem já passou por àquele ambiente da UEPG, e aproveitou (ou aproveita) de tal oportunidade, consegue mensurar a sua importância. sim, os anos foram passando e a UEPG foi se transformando numa "Senhorinha" com marcas da idade, mas ainda muito ativa. Tanto, que já tem descente (prédios de instituição de ensino) espalhados pelos Campos Gerais... Lenita Stark, "Remanescencia" preencheu aqui uma lacuna considerável... Parabéns!
Muito obrigada pela apreciação!
ExcluirQuerida Lenita, sua visão de artista não podeira deixar de enxergar o que muitos não enxergariam. Linda crônica.
ResponderExcluirGratidão Rosicler, p consideração! Abraço!
ExcluirLenita, nascida e criada aqui, parece que conheço aquela casa desde sempre. Hoje porém, me detive um pouco mais a enxergá-la com outros olhos e vi todos os detalhes que você cita em sua crônica. Parabéns!
ResponderExcluirSueli, agradeço de coração, o apreço! Abraços!
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