Texto de autoria de Sílvia Maria Derbli Schafranski, advogada e Mestre em Ciências Sociais pela UEPG, residente em Ponta Grossa.
No aconchego do nosso lar, em uma noite tranquila, meu filho, com
olhos curiosos e mente inquisitiva, decidiu mergulhar em um dos capítulos mais
lindos da minha juventude. Sentados à bancada da cozinha, ele me olhou com um
sorriso jocoso e indagou-me:
"Mamãe, qual era o Uber que te buscava nas festas, quando
você era jovem?"
Foi como abrir um baú empoeirado de lembranças. Um sorriso
nostálgico surgiu em meus lábios, enquanto eu rememorava os dias de outrora.
"Bem, filho, na verdade não tínhamos Uber naquela época. Mas
havia alguém muito melhor."
“Nos anos 90, quando as festas eram regadas à música alta, roupas
coloridas e um misto de ansiedade e excitação adolescentes, havia uma figura
que se destacava entre os jovens: meu pai. Com seu espírito jovial, ele
abraçava uma peculiar missão com uma dedicação quase sagrada.”
"Quem me levava e me trazia das festas durante toda minha
adolescência era o seu avô.”
"O vovô? Mas como ele conseguia te acompanhar na balada?”
Eu ri com a inocência, e abriu-se uma janela para um passado
repleto de amor paternal.
"Bem, filho, seu avô não dirigia qualquer carro. Ele tinha
uma verdadeira carruagem, um gigante de metal que acomodava treze outras
meninas!", expliquei, vendo seu espanto.
"Treze outras garotas? Mas como cabiam?"
"Ah, isso era parte da mágica", respondi com olhos
brilhando de nostalgia. "Seu avô tinha um Landau, um carro grande e
espaçoso. Ele fazia questão de nos levar e nos devolver em segurança, mesmo que
isso significasse várias viagens pela cidade."
Seus olhos brilhavam com curiosidade. "Seu avô era um homem
gentil e preocupado com o bem-estar das pessoas. Fazia-se sempre presente.
Ainda, tentava captar as nossas conversas e, quando chegava em casa, ele as
transmitia à sua avó”. Não era apenas um motorista, mas um observador atento,
um ouvinte discreto das confidências e segredos das garotas que transportava.
Durante o trajeto, as conversas fluíam. Falávamos sobre paqueras,
expectativas para a noite, dilemas adolescentes e sonhos futuros. Ele
geralmente permanecia em silêncio, mas, ocasionalmente, lançava um comentário
sábio ou uma piada bem-humorada que arrancava risos.
Lembro-me da sensação de segurança e conforto, do jeito carinhoso
com que ele nos tratava e da sabedoria tácita que emanava de sua presença.
Com esse ritual contínuo, compreendi que o amor verdadeiro não se
traduz apenas em palavras, mas em atitudes incondicionais de sacrifícios,
devoção, proteção, amizade e responsabilidade.
👏🏼👏🏼👏🏼‼️ Os exemplos que temos ... constroem lembranças e tmb nosso caráter , tive a felicidade de ter um um avo e avó muito especiais ... e carrego isso na alma...
ResponderExcluirParabéns pela homenagem ao seu pai através desta crônica. Feliz daquele.que tem boas lembranças para recordar.
ResponderExcluirObrigada Sueli!!
ExcluirMeu amigo e primo Jonas, sempre cordial e com palavras sábias.
ResponderExcluirSaudades eternas.
Só boas lembranças do "tio" Jonas!
ResponderExcluirQue lembrança terna! A gente não esquece esses momentos nunca. Podem não vir à tona a todo momento, mas o lugar onde estão guardados, que chamamos de coração, os contém como sendo a própria matéria-prima de que é formado nosso caráter e e nosso equilíbrio emocional. Não me envergonho de contar que eu servi de motorista para levar pra casa os namorados de minhas filhas, altas horas da noite...
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