Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, natural de Palmeira, residente em Ponta Grossa.
Já
contei algumas das “aprontações” do pequeno piá que habitou (ou habita?) em
mim. Passamos pela brabeza, as aventuras do pescador, o deslumbre cinematográfico
no Cine Inajá, as tampinhas no Júlio Teodorico, as peripécias no campinho de
saibro e os banhos refrescantes no Recanto dos Papagaios. Desta vez, o pequeno
menino atacou de médico legista.
Alguns
de nossos queridos parentes que transpuseram o plano da existência física para
a existência espiritual estão descansando no Cemitério da Colônia Dona Luiza,
inclusive meu pai. Não sei ao certo se meu destino final será lá também, mas,
desde muito pequeno, por um motivo ou outro, frequento aquele campo santo.
Provavelmente
foi no sepultamento de algum parente, ou em uma das idas até lá para verificar
as condições da carneira da família, mas, estava este moleque com seus familiares
já de saída, de mãos dadas com sua mãe, muito próximo ao portão principal, e,
virando o olhar para sua genitora, dispara:
—
Eu sei do que este homem morreu! — apontando para um túmulo grande, coberto de
granito preto.
—
De quê? — pergunta minha mãe, bem curiosa.
—
Cerveja! — rebato eu de bate-pronto.
—
Como assim?
—
Olha ali, tem a marca da Antarctica no túmulo dele. Morreu de cerveja —
sentencio.
Uma
Estrela de Davi, aquela de seis pontas, enorme, ocupava grande parte da lápide,
ao lado do nome do cidadão. Certamente um judeu ali sepultado, resguardado
pelos seus símbolos religiosos e sagrados. Esta estrela também era, na época, o
símbolo de muitas cervejarias, dentre elas a da Antarctica, que tinha sua fabricação
em Ponta Grossa pela Cervejaria Adriática, no final da Avenida Vicente Machado.
Para
as cervejarias, a estrela de seis pontas representava o símbolo da alquimia,
posto que, por muito tempo, a ciência cervejeira era um mistério fortemente
guardado. O pequeno moleque sempre via esse símbolo nos rótulos que circulavam
em sua casa. Ligar a cerveja ao estampado na lápide daquele senhor não foi
difícil. Causa mortis: cerveja.
Me
perdoem os judeus, mas eu tinha, no máximo, uns cinco anos de idade.
Hoje em dia, quando abro uma, geladinha, tomo todo o cuidado para esta não seja a minha causa mortis.
Ligadinho na cervejaria, desde os cinco anos de idade, hein???? Até no cemitério... Hein, piá? Rsrsrs
ResponderExcluirDesde cedo que se aprende. Inclusive a respeitar a religião alheia.
ResponderExcluirVocê foi um piá bem observador. Logo relacionou a estrela de Davi com a logo da Antárctica. Espertinho, né?
ResponderExcluirLegista especializado. Grato.
ExcluirBem legal essa história
ResponderExcluirGrato, prima.
ExcluirMuito bom parabens
ResponderExcluirGrato.
ExcluirSe for.... será causa felicis!
ResponderExcluirVerdade!
ExcluirSensacional!! Parabéns!!!!
ResponderExcluirGrato!
ExcluirQuando eu era criança, falava-se em maçonaria e tudo se encobria de um mistério profundo. Eu tinha um amigo que era fascinado pela pesquisa dessas associações. O tempo mostra que onde parece existir muita coisa incompreensivel, pode não tê-las, efetivamente. Valeu pelo texto.
ResponderExcluirGrato, Murilo.
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