Texto de autoria de Wilson Czerski, militar da Aeronáutica, escritor e jornalista aposentado, natural de Ponta Grossa e residente em Curitiba.
O
Natal, apesar do apelo comercial, ainda é e sempre será uma época especial que
instiga, emocionalmente falando. Se o dia da Paixão de Cristo provoca piedade e
tristeza, o do seu nascimento desperta alegria e esperança em dias melhores.
Muito
lá atrás, além de tudo o mais, a evocação principal se fazia pelo pinheirinho
enfeitado. E era o verdadeiro, natural, cortado do mato ou, então, comprado de
algum carroceiro que passava oferecendo na rua. Hoje em dia essa prática é
desaconselhada ou proibida por conta da obrigatoriedade da preservação da
araucária quase em extinção.
Mas
naquele tempo... Bolas brilhantes e coloridas: verdes, vermelhas, amarelas,
azuis. Umas poucas bem grandes e as pequenas em maior número. Miniaturas de
Papai Noel e velinhas, também coloridas, eram distribuídas nos galhos verdes.
Estas eram acesas por poucos minutos à meia-noite quando a família reunida
cantava “Noite-Feliz”, com direito a ser repetida uma vez. Depois, só no ano
seguinte.
Os
presentes eram desembrulhados na hora, embora quase sempre já se soubesse o que
os pacotes continham, em geral, roupas e calçados comprados com todos juntos,
pais e filhos para experimentar o tamanho e escolher as cores. O melhor lugar
era as lojas “dos turcos” na Rua da Estação, cognome da Coronel Cláudio.
Depois,
anos mais tarde, quando a autonomia já permitia andar sozinho à noite na rua, o
encanto estava na Loja Telma, descendo a Balduíno Taques, no lado direito, a
meio caminho entre o Cemitério Municipal e a Praça Barão de Guaraúna.
O
diferencial da decoração para as outras grandes lojas como a João Vargas ou a
Tango é que na Telma o que se via por detrás da vitrine era um presépio em movimento,
atração irresistível para os olhos de crianças e adultos.
Tudo
perfeito e lindo. Tudo estava lá: José e Maria, os Reis Magos, o anjo e sua
trombeta, as ovelhas e o burrico, as estrelas cadentes e no centro de tudo a
manjedoura de palhinha com o Menino Jesus.
Mas o
fascínio estava mesmo no fato de que, por um efeito de mágica ou milagre,
muitas peças, de algum modo se moviam por força hidráulica do monjolo que fazia
um pequeno fluxo de água percorrer todo o cenário.
Eu não
me cansava de olhar para aquele vaivém suave e hipnotizante. Mesmo parado ali
na calçada, indiferente às pessoas e ao mundo, podia sentir o clima de amor e
paz que irradiava daquela representação.
E eu
tinha a certeza de que Ele seria o meu caminho, a minha verdade e a minha vida
e a noite de Natal sempre deveria ser feliz.
Voltei ao passado com o seu texto. Os Natais eram exatamente como descreve com a diferença de que os presentes eram surpresa. Mais recentemente é que presenteador e presenteado escolhem jintos os presentes e isso tira um pouco do encanto do Natal.
ResponderExcluirQuantas vezes descemos a Balduíno em direção ao centro para apreciarmos as decorações de Natal. Delicioso texto.
ResponderExcluirMuito bom recordar os velhos tempos, não porque ficaram no passado, mas porque os queremos renovados, revivenciados. Mesmo com mudanças "de épocas", os natais sempre serão natais. Assim espero. Grata por renovar as esperanças com seu lindo texto.
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