Texto de autoria de Francielly da Rosa, graduada em Letras Português/Inglês e mestranda em Estudos da Linguagem pela UEPG, residente em Ponta Grossa.
Viajando pelas estradas
noturnas da terrinha, chamou-me a atenção algo pouco notável: como são lindas
as paisagens dos campos abraçadas em todos os ângulos pelo véu negro da noite.
Como uma princesa que, ao se casar em segredo dos pais, segue trilhando em
valsa silenciosa o seu caminho, revestida pelo véu translúcido a cobrir os
campos, pontilhado de pedrinhas de diamante a brilhar e cobrir toda a extensão
do véu. No topo, próximo a face oculta, cada vez mais numerosas as pedrinhas
iam brilhando.
A placa informava que
estávamos no km 116, mas meus
olhos continuavam dispersos por toda aquela imensidão, pensando em quanta vida
e beleza há na noite, nos campos, na princesa coroada de estrelas reluzentes, e
como as araucárias sombreadas, espectadoras do casamento, ainda continuavam
inconfundíveis mesmo ante a penumbra. Essa é uma boa vantagem de viajar de
moto, pois posso brincar com os olhos, especulando com alma curiosa toda essa
terra princesina conhecida na luz vivaz do dia, porém, desconhecida na
furtividade da noite.
Outra placa informava:
Início do Parque Estadual de Vila Velha. E eu seguia o caminho, sonhando entre
os vislumbres do casamento. A lua amarelada, à esquerda, tenho certeza que
carregava em si todo o ouro da Lagoa Dourada, presente de casamento dos
personagens da Vila Velha para a querida Princesa. “Vou sentir saudade de casa”
- pensava. E casa eram as verdejantes colinas, o pôr do sol inconfundível, o
cheiro e o sentimento de estar aqui.
A viagem noturna
prosseguiu por horas intermináveis e, quando em terras longínquas, como já
adivinhara, senti grande saudade das paisagens tão conhecidas dos Campos
Gerais. Como criança que anseia o colo da mãe, ansiava o regresso, e passei a
escrever versinhos em minha cabeça para ocupar-me da fatigosa tarefa de
aguardar o demorado retorno.
Saí na noite de segunda e
já nasciam as primeiras horas da manhã de quarta-feira quando cheguei novamente
aos braços da Princesa dos Campos. Nesta paisagem, ainda pude ver os resquícios
da celebração do casamento. Agora, o véu da noiva deitava-se alvo, fumacento,
por todo o solo, e cores vivas de amor iam se pintando no céu em tons de
vermelho, alaranjado e amarelo. Ah! Que saudade tive deste céu! Finalizo esta
crônica emprestando de Anita Philipovsky as primorosas palavras, pois, quando
longe desta cidade, do amanhecer ao entardecer:
“É só ver:
Quanta poesia existe no teu texto, quantas analogias, quanto prazer eu sinto lendo tua crônica que é um verdadeiro conto! Feliz por vê-la novamente nestas páginas com toda a tua arte.
ResponderExcluirObrigada, querida Sueli! Também adoro os teus escritos! Que bom podermos compartilhar das alegrias das artes literárias neste espaço maravilhoso que é o Projeto Crônicas dos Campos Gerais!
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