Texto de autoria de Rogério Geraldo Lima, empresário, redator e radialista, Palmeira.
Postada no Portal NCG.news em 14/10/21 e no Portal aRede em 10/11/21, publicada no Correio Carambeiense em 16/10/21 e no Diário dos Campos em 13/07/2022.
Operários pobres e, invariavelmente, condenados à pobreza
podem trabalhar na construção de bancos e prédios luxuosos, sem contradições. O
que pode gerar contradição aconteceu em Palmeira, precisamente na localidade de
Santa Bárbara.
O ano: 1922. Personagens: cinco italianos, os irmãos Cafiero,
Eliseo e Spartacus Corsi e os irmãos Alfredo e Emílio Dusi, descendentes de
italianos da experiência anarquista da Colônia Cecília, ateus por convicção. Foi
o quinteto que conduziu as obras de construção da igreja da localidade,
habitada por imigrantes poloneses e seus descendentes, fervorosamente católicos.
Como a velha igreja de madeira, construída 30 anos antes,
já se mostrava acanhada para acomodar os fiéis ─ visto que a comunidade crescia ─,
por iniciativa do padre Teodor Drapiewski 60 famílias assumiram o compromisso
de colaborar na construção de uma igreja nova, maior e em alvenaria. Assim que
o templo de madeira foi demolido, começou a obra da nova igreja, em março de
1922, sob a regência dos italianos ateus.
Em regime de mutirão chegavam ao local carregamentos de
pedras, tijolos, areia, cal, madeira e telhas transportados em carroças e
carroções. Em meio às
obras, padre Teodor foi compulsoriamente transferido para Curitiba sob suspeita
de mau uso dos recursos para a construção da igreja. Em substituição, chegou o
padre Estanislau Cebula, que deu continuidade às obras. Mesmo inacabado, o novo
templo era frequentemente utilizado para celebrações religiosas, inclusive
casamentos.
A igreja foi construída seguindo o estilo arquitetônico
tradicional dos templos poloneses, com uma torre frontal alta e em formato de
cruz. No altar-mor, a imagem de Santa Bárbara. Acima dela, o quadro de Nossa
Senhora de Czestochowa, considerada rainha e padroeira da Polônia.
Com a obra declarada concluída, um fotógrafo foi chamado
para registrar o fato, imortalizando a imagem que mostra o novo templo e, à
frente dele, os construtores: os Corsi e os Dusi.
Em dezembro de 1922 aconteceu a inauguração da igreja,
com ato solene e presença de inúmeras pessoas, incluindo visitantes vindos de
diversas comunidades da região. Os padres Teodor e Estanislau celebraram a
missa. Foi um dia de festa e de comemoração para a comunidade católica de Santa
Bárbara, mas os construtores do novo templo não compareceram. Certamente comungavam
a alegria de beber um bom vinho, comprado com o dinheiro que ganharam
honestamente construindo a igreja, dando vazão à sua alegria por mais uma obra concluída.
Parabéns Rogério por tão linda e histórica a sua crônica! É maravilhoso poder conhecer a história da região por meio de textos e de pessoas que se preocupam em preservar a memória da sua localidade!"Um povo com memória, escreve sua própria história" Sou a Professora Maria Regina Martins Gelchaki de União da Vitória!
ResponderExcluirObrigado, Regina! Sem dúvida, nossa rica história merece e a participação do povo na construção dela mais ainda.
ExcluirTalhada com esmero sua crônica, Rogério. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado pelo incentivo, Marlene!
ExcluirExcelente crônica! Muito interessante. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Rosicler! Seus textos também são escritos em alto nível. Parabéns!
Excluir