Texto de autoria de Francielly da Rosa, professora da rede municipal de Ponta Grossa e estudante de Letras na UEPG.
Publicada no Correio Carambeiense em 24/07/2021 e no Diário dos Campos em 28/07/2021, postada no Portal D'Ponta News em 22/07/2021 e no JM Infomix em 11/08/2021.
Hoje peguei-me a admirar o findar do dia na Praça do Pôr
do Sol; como é incrível! Nesta época do ano podemos contemplar os tons de
vermelho pincelados divinamente, entrecortados por tons pastéis de roxo, alaranjado
e azul. As nuvens, tais quais batidas suaves de pincel, alongam-se
horizontalmente, até que a sua alvura perca-se na mistura das cores. Meus
deleitosos olhos acompanham as árvores que compõem esta paisagem invernal, vez
ou outra esbarrando em alguma casinha que as interrompe. Num lapso de tempo
estou ali e já não estou mais, sou levada às memórias de infância quando, junto
de meu avô, sentava no campo em frente à sua casa e assistia ao belíssimo
espetáculo da natureza.
Todo entardecer traz o cheiro de meu avô e também suas
palavras: “Vem frio por aí!”. Eu, na pequenez de minha idade, nunca entendi
como alguém poderia saber que esfriaria pela coloração do céu, porém nunca
questionei, já que, de fato, tudo acontecia como ele previa. Lembro-me das
bochechas rosadas, os olhos faiscantes, a ponta do nariz beijada pelo vento
frio, depois adentrávamos a casa e nos agasalhávamos, mas, apenas aquela
paisagem mantinha o coração quentinho.
Desperto do devaneio, ao que as residências ofuscam-me a
visão, e cruzo o Parque do Pôr do Sol, na Rua
Visconde de Nácar. Em meio às minhas memórias, retomo as palavras da poetisa
ponta-grossense Anita Philipovsky em seus consagrados versos Os poentes de minha terra. Vejo-me tal
qual Anita (porém, eu, uma ínfima aprendiz), escrevo mentalmente versinhos que,
de certo modo, consigam exprimir de minhas memórias o âmago, versos estes que
foram primeiramente escritos com os olhos.
Continuo meu caminhar, mas minha mente plaina sobre os
campos e as casas e vai buscar os raios de sol para aquecer-me o corpo, e vai
buscar Anita para aquecer-me o coração. Que belo dia este! Que belo presente
nos deu a Princesa dos Campos! Aviso-te, querida poetisa, que os poentes continuam
tão belos que só! Tinhas razão! Creio que podes vê-los ou até mesmo pintá-los
divinamente, as linhas de teus versos são onde chão e céu se encontram, então
mescle teu lirismo e carisma na vivacidade do entardecer.
Penso comigo se quando Anita Philipovsky escreveu seus
versos fazia frio, assim como meu avô dizia sobre os dias de céu colorido, e
esta quimera me constrói; então me faço mistura de poesia, memória e
experiência. Em se tratando de
experiência, hoje o céu estava vermelho, então leve um casaco porque vem frio
por aí!
Lindo texto meus parabéns a autora
ResponderExcluirInesquecível entardecer,uma agradável leitura... Parabéns, Francielle!
ResponderExcluirÓtimo texto. Somente quem entra na alma do tempo, pode descrevê-lo.
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