Texto de autoria de Bianca Lourenço Caputo, estudante de Serviço Social da UFPR, residente em Ponta Grossa.
Lida na CBN Ponta Grossa em 16/04/2021, publicada no Correio Carambeiense em 17/04/2021 e no Diário dos Campos em 21/04/21, postada no Portal aRede em 28/04/2021, no Portal D'Ponta News em 29/04/2021, e no Portal CulturAção em 30/08/2022.
Ali, naquela manhã de inverno ponta-grossense, estava
Edgar, com sua bicicleta. Andava sem um destino certo, apenas relaxando e
espairecendo a mente. Olhava de quando em quando o céu, claro e bem azul, sem
nuvens, ainda com traços do amanhecer daqueles campos gerais, onde os primeiros
raios de sol nascem por entre as araucárias. Pedalava calmo e paciente,
enquanto o sol se erguia cada vez mais no horizonte, começando a aquecê-lo e
deixar o dia mais bonito.
Depois de percorrer uma distância considerável, Edgar
parou sua bicicleta, desceu e observou sua volta. Estava em um alto morro, com
uma vista incrível que abrangia vários campos ondulados com alguns animais
pastando. Plantações brincavam com a brisa fraca. A grama era amarelada, uma
espécie de palha que crescia baixa e brilhava com um tom cor de ouro.
Observando aquela imensidão se pôs a imaginar quantas belezas naturais não
estariam escondidas por trás daquela natureza toda. Nascentes, cachoeiras,
pedras forradas de musgo e lindas flores brotando. Cavernas e furnas,
monumentos geológicos que só o tempo pode esculpir. Aquele chão forrado de histórias passadas, de
passos antigos e até mesmo de antigos mares e animais marinhos que lá numa
época longínqua habitaram! Fascinado com esses grandiosos pensamentos se pôs a
conversar consigo e com as abelhas que por lá passavam:
— É, agora tenho certeza, é por essas coisas que vale
estar vivo! — disse, erguendo os braços e respirando bem fundo todo aquele ar
gelado e puro daqueles belos e preciosos campos.
No caminho de volta, estava mais atento e observador. Foi
imaginando como chegaram ali os primeiros tropeiros, montados em seus cavalos,
trazendo consigo uma reserva de erva-mate e algumas moedas. Pensou também como
seria viver numa época onde várias florestas de árvores nativas ocupavam aquela
região. De pouco em pouco foi se sentindo cada vez mais integrado em toda
aquela cultura que estava enraizada ali, na cidade, nos campos, dentro dele
mesmo. E mais uma vez falou para si:
— Como é bom estar em casa.
Muito bonito!!
ResponderExcluirMarlene Castanho
ResponderExcluirEsse Edgar sim, soube aproveitar-se da bicicleta e, mais ainda... Teve o privilégio de usufruir e admirar desse itinerário belíssimo, cheio de história, q adorna a cidade "anfitriã" dos Campos Gerais. Eu peguei carona nessa pedalada matinal e, não nego q também me sinto gratificada por estar aqui... Obrigada, Bianca!
Seu texto levou-me a um passeio encantador pela natureza viva e exuberante, pela rica história dos Campos Gerais contada em versos e em prosa desde a época dos tropeiros. Parabéns! Belo trabalho, Bianca!
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