Texto de autoria de Luciano de Oliveira, Professor, Ponta Grossa.
Texto publicado no Diário dos Campos em 15/11/2019 e no Portal aRede em 06/05/2020, lido na CBN Ponta Grossa em 21/02/2021.
Logo
nos meus primeiros textos percebi que gostava de escrever. A tia Rô nos ensinou
escrever com muito carinho. Tia Rô dizia que, após ler e corrigir os textos
escritos por nós, havia um que lhe chamara especialmente a atenção. Sempre
imaginei que o meu texto fosse lido. Isso nunca aconteceu. A tia Rô disse
baixinho pra mim:
— Seu
texto foi o melhor! Não fiz a leitura porque sabia que você não se importaria
com isso. Quando você for realizar alguma prova de concurso, você irá muito
bem!
O
tempo passou e apareceu uma prova! Tratava-se de um concurso para
bombeiro. A questão da redação da prova
era escrever relato vivido por mim que tivesse como tema futebol.
Futebol
sempre foi uma das minhas paixões. Além disso, tive como amigo o Pelezinho, gandula
do Operário Ferroviário, o Fantasma da Vila. Um dia o Pelezinho contou pra mim sobre
um sonho que teve. Foi assim:
“Depois
de um dia de treinos do time, a equipe técnica e o técnico teriam uma reunião.
A reunião teve como pauta dois assuntos: reduzir gastos e tratar das
estratégias para que o time fosse campeão da série B e chegasse à primeira
divisão.
Depois
de um debate longo e exaustivo das duas pautas importantes, de um lado a parte
técnica e de outro o financeiro, todos os participantes da reunião começam a
sair apressadamente. Os dois últimos a saírem foram o secretário que redigiu a
ata da reunião e o técnico. Quando estavam no portão da saída, o técnico
percebe que todas as luzes do estádio ficaram acessas. O técnico, preocupado,
enfatiza que era necessário voltarem e apagarem as lâmpadas, afinal estavam numa
redução de gastos e todos deveriam estar empenhados na economia. O secretário,
despreocupadamente, dá um tapinha em seu ombro e diz:
—
Não se preocupe, você esqueceu que nosso time tem um fantasma? Depois da nossa
conversa, com certeza ele irá desligar todas as lâmpadas! ”.
Durante a prova, escrevi esse sonho do
Pelezinho. Ao conferir minha nota na prova, quase tive um ataque! Minha pontuação
foi 3. Triste e abatido com o resultado,
questiono-me: quem corrigiu meu texto?
— Já
sei! Quem mexeu no meu texto e o corrigiu foi o mesmo fantasma que apagou as
luzes do estádio no dia da reunião. Só de raiva por
deixarem as luzes acessas para ele apagar e o Pelezinho contar essa fofoca, ele
me deu apenas 3 no texto. Não deu certo, mas lembrei-me da tia Rô, que sabia
que eu não me importaria com a nota porque o Pelezinho criara um belo texto,
além de qualquer avaliação.
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