segunda-feira, 20 de maio de 2024

A fila dos filhos

Texto de autoria de Sílvia Maria Derbli Schafranski, advogada e Mestre em Ciências Sociais pela UEPG, residente em Ponta Grossa.

No coração do Bairro de Oficinas, onde as ruas estreitas se entrelaçam como veias pulsantes, há uma sinfonia peculiar que embala os dias e o fim das tardes: o riso contagiante das crianças que diariamente adentram os colégios, inundando o ambiente com uma energia única, irreverente e cheia de vida.

Naquele típico dia de escola, sob o sol escaldante que teimava em derreter as calçadas, adentrei na multidão de mães ansiosas que aguardavam na fila pela saída dos filhos. Enquanto me posicionava na espera interminável, não pude evitar um pensamento inquietante: quantas filas teria ainda que enfrentar por meus filhos ao longo da vida?

Mas então, como uma epifania, veio-me à mente algo divino, algo que transcende todas as filas dos filhos: a sensação indescritível que todas as mães experimentam ao conhecer seus filhos pela primeira vez. Aquela ansiedade misturada com felicidade inigualável, que ecoa além do tempo e das circunstâncias.

Ah, recordar daquela sensação indescritível que inundou meu ser na chegada do meu filho à Santa Casa de Misericórdia em Ponta Grossa, é como reviver um daqueles momentos que se perpetuam na memória como uma obra-prima da vida. Trago em mente vívidos flashes da competente médica obstetra Ana Paula Ditzel, cujo jargão ressoa nos corredores do hospital: "só crianças lindas nascem com ela". E ao lado dela, o fabuloso pediatra Dr. Adalberto Baldanzi, cuja dedicação e cuidado eram como um bálsamo para a alma aflita dos pais.

Foi ali, naquele santuário de vida e esperança, que testemunhei o milagre do nascimento, onde a dor se transforma em êxtase, o medo em coragem, e a incerteza em fé inigualável. Sob o olhar atento e carinhoso da equipe médica, meu filho veio ao mundo, envolto em um manto de amor e cuidado que apenas mãos tão habilidosas poderiam proporcionar.

E naquela fila infernal eu compreendi, que não importa como os filhos cheguem até suas mães, se por vias naturais ou adotivas, se com lágrimas ou sorrisos, o que importa é aquele momento de encontro, aquele instante mágico em que mãe e filho se reconhecem e se fundem em um vínculo eterno.

É como se cada reencontro fosse um eco daquele primeiro momento, uma ressonância daquele amor incondicional que transcende o tempo e o espaço. E é essa certeza, esse sentimento indomável que guia cada mãe através das inúmeras filas dos seus filhos e desafios que a vida lhes impõe.

5 comentários:

  1. Lindo e emocionante texto. Parabéns, Silvia.

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  2. Parabéns pelo texto emocionante. Palavras que tocam profundamente o coração. Obrigado por compartilhar

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  3. Eu não tiraria uma vírgula sequer dessa narrativa perfeita do primeiro contato visual da mãe e seu filho. Mesmo os dois tendo estado em contato por 9 meses, nada supera essa ligação plena do amor com seu bem amado. Parabéns!!! Emocionou.

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  4. PARABÉNS por nos proporcionar mais uma Obra Prima, recheada de muita emoção que nos levam a refletir com mais ênfase e profundidade sobre quantas “filas” os pais enfrentam por seus filhos amados, por toda vida é claro, pois este amor é infinito.

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  5. Vera Lucia kanawate21 de maio de 2024 às 04:53

    Uma bela e emocionante crônica!!!!

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