Texto de autoria de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, Professora de Português e Inglês, residente em Ponta Grossa.
Já escrevi crônica para este projeto, e
também incluí em livro inédito narrativas sobre as celebrações da Semana Santa.
Mas creio que poderei escrever ainda inúmeros textos, pois é inesgotável a
fonte de inspiração que brota nesses momentos tão fortes da Fé Cristã.
Neste ano, impressionei-me com a
devoção da Adoração da Cruz. Estava a Igreja de São Cristóvão lotada (bem acima
da capacidade de público: 350 pessoas sentadas), na Celebração da Paixão de
Cristo, em plena tarde de Sexta-Feira Santa. Uma celebração que durou mais de duas
horas, finalizando com a procissão do Cristo Morto, em torno da Praça Frei
Elias. Não cheguei a tempo para ocupar assento nas alas dos bancos com
genuflexório. Para buscar um espaço com visibilidade, eu e minha irmã, baixinhas,
fomos passando entre as pessoas em pé que ocupavam até os halls das três
entradas. Ao ver-nos, Seu Tullio, antigo colega e amigo de meu pai, indicou-nos
duas cadeiras, surpreendentemente vagas: “Sentem-se nessas cadeiras que eu
guardei para vocês”. E riu, animadamente. Sentei-me ao lado de outro colega de
meu pai, o Seu Gorte. Vieram-me lembranças da congregação secular dos
Vicentinos, dos tempos do Frei Elias, da qual eram membros sempre animados nas
celebrações. “Tem muita gente que eu nem conheço...”, comentou, no momento em
que o ritual não passa de um desfile para venerar a Santa Cruz que repousa nos
braços do celebrante à espera de um beijo, uma reverência ou um toque dos
fiéis. As pessoas desfilavam diante de nós, dirigindo-se ao corredor central,
para adorá-la. Desfilaram os Bach, os
Becher, os Chemin, os Auer, os Mayer, os Motim, os Fontana, os Maravieski. Não
vi os Vetorazzi, nem os Burgardt, os Hansen e Constante, nem os Schepak e
Marenda, ou os Grachinski, mas certamente estavam presentes descendentes deles
que eu nem cheguei a conhecer, ou desfilaram pelo outro lado. Se ocorria
“engarrafamento” no desfile, os que passavam pelos que estavam sentados, perguntavam
sobre sua saúde, ou da saúde da “tia” acamada, combinavam visitas. Seu Gorte
brincou que em poucos dias completaria 19 anos de idade (referia-se a 91 anos,
com os algarismos invertidos), e Seu Tullio, com semblante de decepção por não
poder inverter também os algarismos da sua idade, declarou que, em abril, completaria
88.
Meu
coração órfão pela partida do Avelino Antoniácomi, ano passado, consolou-se com
um desfile de Adoração à Cruz que celebrava serenamente a vida ante a tristeza
da morte, pela certeza da Ressurreição.
Parabéns pela seleção de mais uma crônica sua, Rosicler! A Igreja São Cristóvão, protagoniza a celebração de fé.
ResponderExcluirObrigada, Sueli! Sim, meu vínculo com a Paróquia São Cristóvão vem de longe no tempo! E tenho muitas narrativas com temas de vivências da fé e comunitárias, pois mesmo tendo saído para trabalhar fora, sempre voltei para o bairro de Oficinas, onde moro, ainda hoje.
ExcluirParabéns querida ! Gostei muito do seu texto ! Particularmente, aprecio muito textos que tem como inspiração a religião ! Abraços
ResponderExcluirLuciano Oliveira (APLA)
Obrigada, Luciano!
ExcluirParabéns pela crônica Rosicler!👏👏👏
ResponderExcluirObrigada!
ExcluirA cronica, muito além da narrativa, traz inplícito o carinho, o respeito e a lealdade pelas pessoas e suas histórias. Parabéns por mais um belo trabalho...
ResponderExcluirAlisson Louzada
Obrigada, Álisson!
ExcluirSempre divina. Parabéns, Rosicler.
ResponderExcluirObrigada, Mário!
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