Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, natural de Palmeira, residente em Ponta Grossa.
Nas idas e vindas, em ruas princesinas
e estradas campesinas, descobri um lugar inusitado, onde os pensamentos, a
filosofia e as ideias fervilham: meu capacete.
Pela
necessidade do meu trabalho, minha locomoção é quase sempre com a moto. Neste
momento de solidão, muitos pensamentos me ocorrem, desde reflexões sobre a
vida, pensamentos sobre os afazeres diários e até mesmo algumas crônicas que
surgem neste espaço pequeno fisicamente, mas ilimitado filosoficamente.
Enquanto
vou para Castro, atendendo mais um cliente, me surge o pensamento de quanto
penso dentro do capacete. Algumas músicas me surgem. Um caminhão aparece à
frente, novo pensamento surge.
Indo
de Uvaranas para Vila Oficinas, da Nova Rússia para o Contorno, planejo como
devo executar mais um trabalho, por onde começo, onde devo procurar as peças
que necessitarei em breve. O sinaleiro fecha, devo parar, e prestar atenção no
próximo arranque. Deus lembra de mim?
A
Balduíno se descortina à minha frente, então me surge a possibilidade de mais
uma crônica. Seu título, o início, o descortinar do enredo, sua conclusão, o
humor empregado. Opa, o semáforo com a Avenida Vicente Machado está aberto. Um
toque mais intenso no acelerador para aproveitar o sinal aberto. Onde estou
indo mesmo? Ah, lembrei!
Sim,
muitas vezes me perco em meus próprios pensamentos, me sentindo tão só,
parodiando o poeta, mas em excelente companhia, ou seja, comigo mesmo. Aliás,
falar sozinho dentro do capacete é muito recorrente. Altos monólogos se
desenrolam, talvez levando os transeuntes a duvidarem da lucidez do piloto.
Nas
constantes idas até a capital do estado, cruzando os Campos Gerais, passando o
Tibagi, Witmarsun e despencando pela Escarpa Devoniana, também conhecida como
Serra do São Luiz do Purunã, penso na família, na sorte que tenho por ser
casado com uma mulher maravilhosa, ser pai de uma filha ímpar. Um caminhão freia,
o carro que está ao meu lado também reduz, minha manobra precisa ser
milimétrica para que a moto se mantenha em pé.
Para
chegar em casa, preciso tomar o rumo do Hospital Regional. Arredo um pouco para
o lado, pois uma ambulância está com todos seus sinais de emergência acionados.
Tomara que não seja muito grave, tomara que dê tempo. Ela passa, meus
pensamentos se voltam aos cachorros de casa, fujões, preciso ser mais esperto
que eles.
Tiro
o capacete, parece que os pensamentos embaralham. Levo um tempo para que as
coisas tomem eixo novamente. Sento em frente ao computador e os imprimo.
Quando dirijo meu carro também me surpreendo divagando sobre milhões de assuntos e tenho que firmar o pensamento para lembrar para onde estou indo. Tenho receio de que seja o Alemão que está me cercando. Nunca esqueça o capaceteapoia ele é o depositário de tantos temas para suas crônicas.
ResponderExcluirSim, Sueli, é verdade. Como pode em um espaço tão pequeno caber tanta coisa, não é mesmo?
ResponderExcluir👏👏👏. Parabéns por mais essa crônica Mário.
ResponderExcluirGrato, grato, grato!!!
ExcluirAdmirável crônica, amigo! Compartilho do mesmo sentimento quando viajo abrigada no capacete da moto ou no banco do carro. Vou percorrendo as ruas, estradas e os pensamentos vão se tornando palavras, muitas delas depois já nem lembro. Sou palavra a viagem toda, o percurso todo, e só volto a ser pessoa quando paro e chego ao meu destino final. A vida é mesmo coisa engraçada. Somos tudo e somos nada. Mas, acima de tudo, somos sempre palavra!
ResponderExcluirGrato, Francielly. Ainda bem que capacetes e capotas não seguram pensamentos e palavras!!!
ResponderExcluirMário, você não me surpreende mais por te conhecer faz 58 (é isso mesmo?) anos. Te amo, guri. Ótima crônica, novamente.
ResponderExcluir56,56. Grato pelo amor e pelo carinho!!!
ExcluirGuri, maravilhosa. Parabéns. Te amo. Você é 10.
ResponderExcluirGrato pelo carinho!!!
ExcluirEhhhhh. Mais uma viagem que vc nos proporciona. Agora dentro do seu capacete 🪖. Parabéns 👏
ResponderExcluirComo eu disse: um pequeno lugar para grandes ideias!!! Grato!!!
ResponderExcluir👏👏👏
ResponderExcluirGrato, prima!!!
ExcluirGenial! Não uso capacete, mas uso os cabelos lisos que embaraçam ao vento para não deixar escaparem os pensamentos enredados neles.
ResponderExcluirMuitos escapam... Creio que um capacete pode ser mais confiável.
Mais sólido, talvez! kkkk
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