segunda-feira, 1 de maio de 2023

Nas trilhas da fé

Texto de autoria de Maurício Chizini Barreto, servidor público municipal de Tibagi, natural de Ponta Grossa, residente em Tibagi. 

Postado no Portal CulturAção em 02/05/2023 e no Portal aRede em 27/06/2023.

Quando os sertões do estado do Paraná eram povoados por milhares de garimpeiros, aventureiros, bandeirantes, jagunços, paulistas, negros e indígenas; travaram-se batalhas e disputas por terras, cada passo a dentro nos sertões era acompanhado por conflitos e embates que deixavam centenas de mortos e feridos. Época em que Paraná e Santa Catarina travavam a Guerra do Contestado, nos anos de 1912 a 1914, na busca pela definição de seus limites territoriais. O imenso território tibagiano contou com a presença dos religiosos João Maria de Jesus, Frei Manoel de Tibagi e Frei Bento Rodrigues de Santo Ângelo, esse último foi morador da localidade de São Domingos de Tibagi, o qual fazia parte dos Carmelitas Descalços. E assim, os peregrinos percorreram a região benzendo e distribuindo preparados que curavam diversas enfermidades. O monge hoje conhecido por São João de Maria de Jesus, que tem como nome de batismo Atanas Marcaf, percorreu a região do Paraná e Santa Catarina, entre os anos de 1886 a 1908, e tinha por costume benzer nascentes de água, visitadas na atualidade por milhares de fiéis os quais encontram nesses olhos d'água a cura para diversos males. Já Frei Manoel, conhecido por monge de Tibagi, viveu e curou diversas pessoas que o procuravam, contava ser de Vila Nova de Gaia, Portugal, e que tinha uma missão para cumprir em Tibagi. Deixou uma carta, em forma de cruz, chamada “Carta Aviso”, há uma cópia exposta no Museu da cidade de Tibagi. No dia 18 de julho de 1892, faleceu Frei Manoel, sendo sepultado no cemitério da cidade de Tibagi, e seu túmulo é frequentado até os tempos atuais, por diversas pessoas que vêm em busca de alento ou para agradecer os pedidos atendidos. A chamada cultura popular salvava vidas nos sertões de Tibagi, numa época em que médicos e religiosos, não vistos com frequência, eram, por vezes, substituídos por peregrinos, que surgiam e desapareciam. Suas histórias ficaram registradas nos relatos e memórias dos habitantes dos pequenos povoados que originaram vários municípios do estado do Paraná. Dada a importância do Monge São João de Maria, foi sancionada a Lei 318 do ano de 2018, instituindo o Dia Estadual do Monge João Maria a ser comemorado em 27 de março.

Um comentário:

  1. Oportuna lembrança registrada por Mauricio Barreto. Dessas andanças de fé surgiram muitas histórias de curas e fontes d´água, atribuídas às mãos prodigiosas dessa figura abençoada. Os Campos Gerais estão repletos de relatos e depoimentos. ALFREDO MOURÃO.

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