segunda-feira, 6 de março de 2023

A saga tecnológica de um professor na pandemia

Texto de autoria de Jeferson do Nascimento Machado, professor da rede pública, historiador, residente em São João do Triunfo.

Postado no Portal aRede em 07/03/2023, no Portal CulturAção em 06/05/2023, e publicado no Diário dos Campos em 12/04/2023.

Estávamos em 2020 quando a pandemia passou a assolar os brasileiros. Todos tivemos que nos adaptar à nova e trágica realidade… e foi assim que passamos para aquele novo jeito de viver e trabalhar… ah, e os professores não ficaram fora disso.

Escolas fechadas: trabalho homeoffice, Classroom, Google Meet, gameficação, etc. Para a maioria, palavras novas, mas não só isso: uma verdadeira reviravolta na maneira de ensinar. Os professores mais jovens adaptaram-se mais rapidamente; porém os que já tinham longa estrada, tendo como ferramentas de ensino o conhecimento, livros e giz, sofreram ainda mais.

Muitos sequer tinham computador. Aqueles que tinham, a internet era extremamente ruim, oscilando a todo momento. Agora, reflita sobre o ponto de vista dos estudantes, a maioria pobre, sem tecnologia alguma. Muitos tiveram que estudar por apostilas, sem mediação dos professores… isso, para o professor, se resumia em uma dupla jornada: aulas remotas e apostilas.

E assim foi, neste cenário, que nosso protagonista teve que lidar. Viu-se diante de um complexo desafio. Ficou ante um mar de programas e aplicativos de que nunca tinha ouvido falar antes. E os estudantes? Ah, que teste de paciência. Alguns simplesmente desapareciam das aulas virtuais, outros ativavam o modo "mudo" e dormiam… pior, outros compartilhavam memes na Meet do professor.

Mas nosso professor era persistente. Logo criou um grupo no WhatsApp para sua classe. E ali compartilhava piadas e memes para aliviar. Ah, e não é que funcionou? Os alunos começaram a interagir mais durante as aulas…

Mas vou te contar, a maior dificuldade do professor eram as aulas remotas. Ele ficava ali, olhando para a câmera, parecendo um ator da novela das oito. Ele tentava ser o mais natural, entretanto sempre apertava algum botão errado… ah, e os alunos riam. Parecia que tinha voltado à infância e estava conhecendo um brinquedo novo.

Mas o tempo passou e ele foi pegando o jeito. Logo já compartilhava tela, usava a lousa virtual e… até mesmo aprendeu a desativar o som dos alunos que insistiam em falar ao mesmo tempo. E foi assim que o professor se tornou um "ninja" da tecnologia.

Porém, a verdade seja dita: apesar de todo o esforço, nosso professor ainda teve que trabalhar mais e continuar ganhando pouco. Mas ele nunca perdeu a alegria e a disposição de ensinar. Essa pandemia nos ensinou que, mesmo em momentos de dificuldade, podemos nos adaptar e superar os obstáculos, desde que tenhamos um pouco de paciência.

4 comentários:

  1. Parabéns pelo texto e pela persistência e alegria de ensinar, mesmo com o desânimo de um cenário de pandemia e acúmulo de métodos e desafios. Louvo os professores, especialmente os da rede pública, pois se há dificuldades para todos, mais ainda as dificuldades rondaram e rondam a rede pública. Acompanhei bem de perto essa saga, pois sou esposa de um professor da rede pública.

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    1. Muito obrigado! Realmente, nas escolas públicas a dificuldade é ainda maior. E agora a saga é presencial.

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  2. Imagino como seria se eu estivesse na ativa. Uma tortura, com certeza, até "pegar o jeito" como você diz. Parabéns, Jefferson!

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