Texto de autoria de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, Professora de Português e Inglês, Ponta Grossa.
Postado no Portal aRede em 05/10/2022, e publicado no Diário dos Campos em 14/12/2022.
Na
vizinhança tem um galinheiro. Desde o início da madrugada (Que horas é o início
da madrugada, mesmo?) o canto desafinado do galo já interrompeu meu sono
diversas vezes. Mal o dia clareou, ele já deu duas "trepadas", duas
galinhas já puseram seus ovos e, pelo jeito, o cachorro invasor da outra
vizinha já atacou um pintinho.
Hein? Se eu fico futricando a vida dos vizinhos, por isso
sei de tudo isso? Nah. Apenas não sou surda. Nas investidas do galo, as galinhas
fazem um "griteiro" desesperado. Tudo bem que tem humanas que se
manifestam de um jeito que parecem desesperadas, e nem é isso. Talvez a galinha
em questão queira apenas contar vantagem, e o jeito é fazer o
"griteiro" desesperado. Afinal, o que é aquilo quando elas põem os
ovos? Só pode ser pra contar vantagem, também. Tem que anunciar pra todo mundo
saber. Que bobagem! Não seria melhor ficar quietinha, esconder o ovo num
cantinho pra depois chocar? Faz a gritaria, vem o dono do galinheiro e leva o ovo
embora. Se o lagarto predador de ovos fosse esperto, também já ia saber que o
prato estava servido.
O que
esperar de um bicho que tem asas, mas não voa?
Se eu
me incomodo de haver um galinheiro na vizinhança? Nah. Há alguns
inconvenientes, moscas que aparecem na minha cozinha quando faço nega maluca,
ou quando asso um churrasco, e tal. No geral, fico na minha. Nossa Princesa
acrescentou muitas joias de arranha-céus à sua coroa, mas ainda existem bairros
com o privilégio de uma paisagem bucólica à vista das sacadas de um condomínio.
Como
passo meu dia, depois de um amanhecer desses? Bem, obrigada. Aproveito o
momento em que os eventos matinais da família Galo dão lugar a um interminável
có-có-có. O galo a ciscar, chama as
matronas com seus pintinhos para a degustação dos vermezinhos que se escondem
debaixo das folhas secas e entre as moitas do capim. Isso dá um sono! Viro de
lado, volto a dormir.
Pensou
que eu ia ficar resmungando a manhã toda, ou que, sendo aposentada, para sempre
em férias, vou madrugar para reclamar da vizinhança? Nem se o “coronga” tivesse
derretido os meus miolos!
Divertidíssima a expressão"Nah". Abraço, Rosicler
ResponderExcluirSuas crônicas nos faz lembrar nossas origens, quando crianças, tudo exatamente assim 😄
ResponderExcluirLinda crônica, lembranças de dias de uma infância maravilhosa, de acordar com o canto do galo, o latido do cachorro.....
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