Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, natural de Palmeira, residente em Ponta Grossa.
Nascer
e crescer em Palmeira é um privilégio de uma parcela da população dos Campos
Gerais não muito ampla. Modestamente, admito ser parte destes, ou diria melhor,
orgulhosamente me identifico palmeirense.
E,
claro, tenho também minhas histórias, as histórias de um moleque “brabo”, que
nasceu em casa, tinha a honra de vizinhar com os Kardush, Dona Linda e seu
Assad, poder caminhar tranquilamente até a Praça Marechal Floriano, ou ir
sozinho, com 5 ou 6 anos, até o pré-primário do Colégio das Freiras, que também
nos vizinhava. Nos fundos de casa, além do pé de ariticum, já proseado aqui, a Rádio Ypiranga nos fornecia
gratuitamente suas melodias e noticiários.
Dentre
outras memórias, despertas pelo desejo de “cronicar”, lembro-me de ir até o Seu
Paulo, o barbeiro que sempre cortava os cabelos masculinos de nossa casa,
subindo a Conceição, quase na porta da rádio, vestido com uma camiseta do
Coritiba F. C. Ao chegar lá, minha mãe, como de hábito pede a ele um corte bem
caprichado, bem curto, “pra aproveitar bem o dinheiro, hein seu Paulo”. Ele
olha para mim e me pergunta: “então, você é coxa branca?”. O moleque, muito
“brabo” mostra a perna, e responde beiçudo: “eu não sou coxa branca...”.
Deveria eu ter cerca de quatro ou cinco anos, e não fazia a mínima ideia do
significado desta alcunha.
Minha
mãe conta ainda que, talvez com um pouco menos idade, esse moleque, após ser
repreendido em casa, alguma travessura certamente, saiu emburrado, com as mãos
para trás e tomou o rumo Conceição acima, não dando bola para ninguém. Ela me
seguiu, e, divertindo-se com seu rebento, acompanhou esta aventura. Relata que
ao passar pelo Seu Paulo, que sempre “mexia” comigo, não me importei. Segui
firme em meu propósito de “fugir de casa”. Passo a rádio, caminho, caminho,
caminho, passo a Agottani, continuo até chegar em frente ao Cemitério. Naquela
época, a Conceição não era calçadão como hoje. Bem, lá eu paro, provavelmente
cansado, e já com o coração mais calmo, olho para minha mãe e falo: “mãe, vamos
voltar para casa?” Ela me toma pela mão, e descemos a Conceição novamente.
Minhas
irmãs sempre reclamaram que as botas ortopédicas que me obrigavam a usar para
corrigir o “pé chato”, eram verdadeiras armas em meus pés. Os hematomas nas
canelas delas, quase sempre eram consequências de um moleque bem “brabo”.
Não
era fácil esse moleque!
Muito.bom. lembrei de pedaços da minha própria infância
ResponderExcluirParabéns 👏👏👏
Como é bom ser criança!!!
ExcluirMuito bom! Amei!
ResponderExcluirAté hoje tens as canelas roxas, não é mesmo?
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirSua crônica me lembrou de uma história engraçada e parecida que minha mãe viveu com o meu irmão mais novo. Na época ele tinha quatro anos.. Em uma bela manhã, minha mãe ficou distraída com alguma tarefa... E quando foi ver ele tinha aberto o portão e estava subindo a rua correndo porque queria ir na casa da vó, segundo ele... E como a mãe não queria levá-lo ele decidiu ir por conta própria
ResponderExcluirAh, esses moleques, são impossíveis!!!
ExcluirParabéns Mario!
ResponderExcluirGrato Francielly.
ResponderExcluirMário, lembro perfeitamente das suas botinhas pretas... super pesadas. Era brabo mesmo 😂
ResponderExcluirAh, esqueci de contar que minhas primas também eram vítimas destas botinas!!!
ExcluirLembro das suas botas também. Lembro também da "venda", onde compravamos sementes de girassol 🌻
ResponderExcluirA famosa "Banquinha" lá de Palmeira!!!
ExcluirOs moleques de 4 anos fugiam de casa, mas eu... fui uma moleca de 3 anos de idade, que, puxando um carrinho de bonecas feito por meu pai, disse a uma senhora da nova vizinhança que estava indo "para casa", pois não queria ficar na casa nova. Era o dia da mudança, todos muito envolvidos com a descarga do caminhão, só deram conta da fujona quando a nova vizinha veio comigo pela mão, me trazendo de volta. Ah! Lembranças da infância! Um rico texto! Parabéns!
ResponderExcluirGrato, Rosicler. Uma rebeldia suave!!!
ResponderExcluirQue boas recordações, desse menino! Coitadas das tuas irmãs, Mário. Precisa pedir muitas desculpas pra elas. Eita menino brabo!
ResponderExcluirPor que será que era tão brabo, esse menino?
Parabéns, Mário!
Grato, Simone. Talvez por ser o caçula, sempre mais mimado!!!
ResponderExcluirCreio que você gastou toda a sua brabeza, as botinadas e as tentativas de fuga na infância. Não sobrou nada, por isso hoje é amável e nem um pouco brabo.
ResponderExcluirIsso não é uma verdade absoluta. Trato bem quem me trata bem!!! hehehe
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