segunda-feira, 17 de julho de 2023

Vício

Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, natural de Palmeira, residente em Ponta Grossa.

Postado no Portal aRede em 18/07/2023.

Tudo começou com um convite da minha professora: “experimenta, é gostoso, não dá nada...”. Meus pais apoiaram e então comecei. Como todo “vício”, a gente começa devagar. Hoje uma vez, amanhã mais um pouquinho, fica uns dias sem, bem de boa, mas chega um momento em que a situação fica crítica e nossa vida nunca mais é a mesma.

No começo foi “Pato Donald, Mickey Mouse, Tio Patinhas, Chico Bento, Turma da Mônica...” coisas leves, mas viciantes. Juntamente, começaram a aparecer alguns livros infantis, muita figura, pouca letra, mas, com o tempo, a letra começa a ficar mais pesada.

Os gibis começam a mudar, Tex, Marvels, aparecem algumas revistas “Duas Rodas, Quatro Rodas, Superinteressante, Veja (nem sempre)”. Alguns livros, meio que por obrigação da escola, como a coleção Primeiros Passos, coleções de mistérios, aventuras.

Antes, lia apenas alguns artigos das revistas, depois comecei a ler o periódico inteiro, no mês. Passei para duas semanas, uma semana, dois dias. Começa a “síndrome de abstinência”. Passo a ler absolutamente qualquer coisa. Rótulo de Shampoo, bula de remédio, receita de comida, enfim, torna-se praticamente incontrolável.

Tenho contato com os Irmãos Grimm. A situação começa a piorar. Monteiro Lobato, Machado de Assis, Camões, Saint-Exupéry, Clássicos da Literatura mundial infantojuvenil. Minha primeira experiência de um romance adulto foi “Tuareg” de Alberto Vásquez-Figueroa. Foi minha perdição. Não consegui parar mais. Foi aí que comprei uma coleção de livros de Honoré de Balzac.

A literatura fica mais pesada. Então experimentei poesia: Drummond, Cora Coralina, Mario Quintana, Manuel Bandeira, J. G. de Araújo Jorge, e por aí vai. Achei que tinha chegado ao fundo do poço. O trabalho me afasta um pouco do vício.

Mas como todo vício, quando se retoma, volta-se ao nível anterior, e as coisas só ficam mais pesadas. Dostoievski, Marx, Nietzsche, Rui Barbosa, Orwell, Cervantes, Malba Tahan, Economia, Romances, Biografias, História, Humor, perdi a conta dos gêneros e livros que li. A compra de livros, o ciúme dos empréstimos, a necessidade do cheiro de livro novo, o garimpo nos sebos, a compra pela internet.

Quando você pensa que não dá para ficar pior, acontece, tornei o que mais temia: ESCRITOR. Crônicas, contos, textos, às vezes poesia, um blog, a coautoria de um livro. As Crônicas dos Campos Gerais.

O que virá agora? Um Romance? Faculdade de Letras ou Jornalismo? Livros de Humor? Não sei onde vai parar isso tudo.

10 comentários:

  1. Bem legal esse vicio

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  2. Respostas
    1. Vícios ou virtudes? O importante é ler. O importante é escrever. Grato pelo carinho, Sara!!!

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  3. Vício de leituras é muito saudável. Continue viciado na leitura e na escrita. Você escreve muito bem, Mário! Parabéns pela crônica.

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  4. Desse vício ninguém precisa se recuperar... Pelo contrário, deveríamos mergulhar mais nele.

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