Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, natural de Palmeira, residente em Ponta Grossa.
Tudo começou com um convite da minha
professora: “experimenta, é gostoso, não dá nada...”. Meus pais apoiaram e
então comecei. Como todo “vício”, a gente começa devagar. Hoje uma vez, amanhã
mais um pouquinho, fica uns dias sem, bem de boa, mas chega um momento em que a
situação fica crítica e nossa vida nunca mais é a mesma.
No começo foi “Pato Donald, Mickey Mouse, Tio
Patinhas, Chico Bento, Turma da Mônica...” coisas leves, mas viciantes.
Juntamente, começaram a aparecer alguns livros infantis, muita figura, pouca
letra, mas, com o tempo, a letra começa a ficar mais pesada.
Os gibis começam a mudar, Tex, Marvels, aparecem
algumas revistas “Duas Rodas, Quatro Rodas, Superinteressante, Veja (nem
sempre)”. Alguns livros, meio que por obrigação da escola, como a coleção
Primeiros Passos, coleções de mistérios, aventuras.
Antes, lia apenas alguns artigos das revistas,
depois comecei a ler o periódico inteiro, no mês. Passei para duas semanas, uma
semana, dois dias. Começa a “síndrome de abstinência”. Passo a ler
absolutamente qualquer coisa. Rótulo de Shampoo, bula de remédio, receita de
comida, enfim, torna-se praticamente incontrolável.
Tenho contato com os Irmãos Grimm. A situação
começa a piorar. Monteiro Lobato, Machado de Assis, Camões, Saint-Exupéry,
Clássicos da Literatura mundial infantojuvenil. Minha primeira experiência de
um romance adulto foi “Tuareg” de Alberto Vásquez-Figueroa. Foi minha perdição.
Não consegui parar mais. Foi aí que comprei uma coleção de livros de Honoré de
Balzac.
A literatura fica mais pesada. Então experimentei
poesia: Drummond, Cora Coralina, Mario Quintana, Manuel Bandeira, J. G. de
Araújo Jorge, e por aí vai. Achei que tinha chegado ao fundo do poço. O
trabalho me afasta um pouco do vício.
Mas como todo vício, quando se retoma, volta-se ao
nível anterior, e as coisas só ficam mais pesadas. Dostoievski, Marx,
Nietzsche, Rui Barbosa, Orwell, Cervantes, Malba Tahan, Economia, Romances,
Biografias, História, Humor, perdi a conta dos gêneros e livros que li. A
compra de livros, o ciúme dos empréstimos, a necessidade do cheiro de livro
novo, o garimpo nos sebos, a compra pela internet.
Quando você pensa que não dá para ficar pior,
acontece, tornei o que mais temia: ESCRITOR. Crônicas, contos, textos, às vezes
poesia, um blog, a coautoria de um livro. As Crônicas dos Campos Gerais.
O que virá agora? Um Romance? Faculdade de Letras ou Jornalismo? Livros de Humor? Não sei onde vai parar isso tudo.
Bem legal esse vicio
ResponderExcluirLer é preciso, navegar não é preciso...
ExcluirEu chamo de virtudes!😊
ResponderExcluirVícios ou virtudes? O importante é ler. O importante é escrever. Grato pelo carinho, Sara!!!
ExcluirVício de leituras é muito saudável. Continue viciado na leitura e na escrita. Você escreve muito bem, Mário! Parabéns pela crônica.
ResponderExcluirGrato pelo carinho, Sueli.
ExcluirParabéns Mário!
ResponderExcluirGrato pelo carinho, Donizete!!!
ExcluirDesse vício ninguém precisa se recuperar... Pelo contrário, deveríamos mergulhar mais nele.
ResponderExcluirBem verdade!!!
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