Texto de autoria de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, Professora de Português e Inglês, residente em Ponta Grossa.
Eu
falo sozinha, ou melhor, com meus botões e com os botões do computador, às
vezes, geralmente xingando a mim mesma. Fui interrompida pelas vizinhas “se
matando” de rir, e já imaginei que riam de mim, pois, naquele momento, eu
estava pagando um miquinho com um software
mais avançadinho que o word
basiquinho. Mas não. Uma delas resvalou no piso ensaboado do terraço, e foi ao
chão, e a outra saiu à varanda, para ver se ela estava bem. Eu só ouvi os
risos, mas logo percebi, pelo bumbum molhado da moça, que se tratava de um mico
que perdi a oportunidade de presenciar. Paciência. Restava rir junto, pois,
felizmente, nada pior do que um mico havia acontecido.
A
verdade sobre micos, é que, normalmente, são vexames de que apenas a pessoa
micada não acha graça. Com exceção das quedas. Lembro-me da vez em que aprendi
uma grande lição de uma queda. Eu tinha horror a mico, cada vez que pagava um,
sofria terrivelmente por anos (bem..., talvez meses). Vamos ao mico: meu primeiro
emprego no comércio foi nas Casas Blanc, uma tradicional loja de móveis de
Ponta Grossa, que o século passado enterrou, como a tantas outras casas
tradicionais da cidade: HM (Hermes Macedo), João Vargas de Oliveira, Reunidas,
Magazin Ricardo Kossatz, e outras. Lá, eu ouvi falar, pela primeira vez, em
fechamento de caixa, contabilidade, e... processamento de dados! Sim, nos idos
anos 70, a Blanc enviava dados para serem processados em uma empresa de
Londrina. E quem escrevia os dados manualmente em uma planilha (não me
perguntem por que não eram datilografados) para serem remetidos para essa empresa
que fazia leitura ótica da minha letrinha? Euzinha! Isso, depois de haver
pagado alguns tantos miquinhos por lá, que até hoje não revelo. Mas foi com uma
queda da enorme escada que levava ao segundo andar, onde ficava o setor
administrativo, que eu aprendi de um mico minha primeira lição. Eu estava
sozinha quando escorreguei de um dos mais altos degraus, e, de um por um, meu
bumbum conheceu a dureza. Eu ria, e o riso impedia qualquer tentativa de parar
de escorregar, até que estacionei em um patamar, no meio da escada. Debruçados
no guarda corpo, no alto, vi o esquadrão todo de funcionários que ouvira o
barulho, todos pasmos, porque eu, sentada no patamar, estava morrendo... de
rir. A mais valiosa lição dos micos é: RIA deles. Quando rimos dos próprios
micos, os outros não riem, porque não está servido numa bandeja o motivo para
rirem, que é aquela cara de vítima destroçada.
Quem diz que nunca pagou um mico está mentindo. Numa situação dessas a primeira coisa a fazer é olhar em volta para ver se houve testemunha. Se houve, o melhor é rir de si mesmo e curar o hematoma em casa. Parabéns mais uma vez, querida!
ResponderExcluirAgora que saber quais outros micos que vc pagou @rosiclerantoniacomi 😅 adorei a crônica
ResponderExcluirAmei o texto. Parabéns 👏👏 Rosilene Tramontin
ResponderExcluirObrigada, amigas Sueli e Rosilene! Obrigada, filhota Camila!
ResponderExcluirInclusive, prefiro mesmo o brasileiro "mico" do que o afetado "gafe". Parabéns, Rosicler, abraço. At. Murilo.
ResponderExcluirO primeiro mico que paguei foi quando nasci, segundo conta minha mãe. Com eu não chorava tive que levar uma caprichada palmada para abrir o berreiro em pleo centro cirúrgico da então Maternidade Sant'Anna. E eu que nem desconfiava que era preciso chorar para provar que estava vivo. Mico por mico, todos nós pagamos, Rosicler! Sensacional a sua crônica!
ResponderExcluirRir de si mesmo é um aprendizado muito valioso. Parabéns pelo texto!!!
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