Texto de autoria de Rogério Geraldo Lima, empresário, redator e radialista, residente em Palmeira.
Sempre
que passo pela BR 277 e vejo a antiga ponte sobre o rio dos Papagaios, no
Recanto Francisco Monteiro Tourinho, vem a mente o engenho e arte dos
imigrantes alemães do Volga, que chegaram ao Brasil no final do século 19. O
trabalho de dar forma a pedras para utilizá-las em construções é algo encantadoramente
fascinante. A ponte sobre o rio dos Papagaios é o mais conhecido exemplo desta
arte, mas há outro monumento destes, em escala menor, que é a ponte sobre o rio
Monjolo, na rua 15 de Novembro, no centro de Palmeira.
Enquanto
a mais famosa das pontes de pedra de Palmeira tem dois arcos, a do rio Monjolo
tem apenas um, que se ergue a cinco metros acima do nível do rio. Ela foi construída
em 1879, conforme denúncia a inscrição da data gravada na pedra central do arco
para quem olha da bucólica e quase abandonada Praça do Chafariz.
As
duas pontes atendiam, à época da construção, no final da antepenúltima década
do século 19, o crescente tráfego de veículos à tração animal que utilizavam a
Estrada do Mato Grosso, a ligação entre Curitiba e Castro, que passava por
dentro da então Villa da Palmeira.
Relata
o historiador Astrogildo de Freitas, em seu livro Palmeira: reminiscências e tradições, publicado em 1984, “a semelhança
entre as duas obras de arte, a dos Papagaios e a do Monjolo, não só na
aparência, mas ainda na segurança, na técnica de construção e no material
empregado, nos leva a crer que foram os mesmos canteiros e pedreiros que prepararam
o material utilizado e executaram os serviços de construção de ambas as obras”.
A
história nos conta que, em setembro de 1878, um grande número de imigrantes
alemães, que saíram da região do rio Volga, na Rússia, com destino ao Brasil,
chegou a Palmeira. Como eram muitos, foram divididos em núcleos ou colônias,
segundo a religião que professavam. Assim, os católicos ocuparam as terras dos
núcleos do Pugas, do Lago e de Santa Quitéria, enquanto os luteranos foram
destinados para as áreas das colônias de Quero-Quero e de Papagaios Novos.
Todos
aqueles imigrantes que aqui chegaram, já passaram e deixaram descendentes.
Porém, as robustas e engenhosas construções em pedra permanecem e resistem, há
quase um século e meio, como marcas concretas da arte da cantaria dominada com
maestria e ferramentas rústicas por aqueles homens de mãos e braços fortes e
corações cheios de sonhos.
Sou descendente de alemães do Volga, povo trabalhador que deixou marcas por aqui. Sua crônica é história e com ela aprendi o que é cantaria. Confesso que nunca tive conhecimento dessa arte. Deu curiosidade de conhecer tais pontes. Parabéns, Rogério!
ResponderExcluirObrigado, Sueli! Minha descendência materna também é de alemães do Volga, famílias Ditzel e Stremel, da Nova Rússia e da Colônia Dona Luíza, respectivamente. Sem dúvida, imigrantes que dominavam diversos ofícios.
ResponderExcluirTambém sou descendente de Alemães do Volga, pela parte materna, mas minha avó, Dorothea Scheffer, nasceu na Argentina e veio criança para o Paraná. Casou-se com meu avô e ficou por aqui, mas alguns familiares dela retornaram para a Argentina. Adorei conhecer a arte da cantaria poor meio de sua crônica!
ResponderExcluirObrigado, Rosicler! Acredito que na região - incluindo Ponta Grossa, Palmeira, Imbituva e Prudentópolis - uma grande parcela da população tem descendência de alemães do Volga.
ExcluirParabéns Rogério. Amo conhecer mais e mais de minha cidade mãe!!!
ResponderExcluirCumprimentos pelo registro desse patrimônio que é tanto material quanto imaterial por conta das memórias dos imigrante alemães em nossas terras. Sou também descendente desse grupo. ALFREDO MOURÃO
ResponderExcluirObrigado, Alfredo! Além de descendente de alemães do Volga, és um excepcional contador de histórias.
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