Texto de autoria de Rogério Geraldo Lima, empresário, redator e radialista, Palmeira.
Postado no Portal aRede em 23/11/2022, no Portal CulturAção em 14/02/2023, e publicado no Diário dos Campos em 01/03/2023.
Era
uma tradição que todo dia 1º de maio começasse com a alvorada festiva, comemorando-se
o Dia do Trabalho e também o aniversário da entidade. Foi lá que entendi que o orador
da diretoria nada tinha a ver com a Igreja de São José, que eu frequentava
quando criança. O orador fazia as saudações e enaltecia a data e o próprio
Centro Operário Cívico e Beneficente em cada ano de sua existência.
A
sede estava no largo Professor Colares esquina com a rua Visconde de Nacar, com
ligação com a rua Theodoro Rosas, onde havia a entrada para as canchas de bocha
e o bar. O Centro Operário foi uma das mais importantes organizações de
trabalhadores de Ponta Grossa, numa época em que essas entidades fomentavam uma
larga vida social e também cultural para associados e familiares.
Conheci
o Centro Operário, e muito bem, por causa de meu avô, Adolpho Stremel, um
exímio e requisitado alfaiate que tinha seu local de trabalho a poucos metros
da entidade. Era um membro assíduo e bastante preocupado com a entidade. Extraoficialmente
era o fogueteiro, o homem que cuidava da preparação e soltura dos fogos no dia
1º de maio, data aguardada com indisfarçável ansiedade, especialmente para os
netos do alfaiate, entre os quais, eu.
Éramos
sete em uma faixa de idade próxima, que nos encontrávamos com relativa
frequência, formando uma turminha do barulho, em todos os sentidos da palavra.
No
final de um abril, nos anos 1970, a turma de primos resolveu fazer uma busca na
oficina de alfaiataria do avô. Sob a grande mesa, cujo tampo ele usava para
estender os tecidos, fazer as marcações com giz e recortar, além de também
passar as peças prontas com o pesado ferro a carvão, em meio a algumas peças de
tecidos estavam guardados os fogos para o dia 1º de maio, que se aproximava.
Por que não apanhar dois ou três daqueles foguetes para ver o que havia dentro?
Lá foi a turma abrir os foguetes.
Sempre
ouvíamos um conhecido ditado: ‘’Criança que mexe com fogo acaba fazendo xixi na
cama’’. Depois de risos com a queima da pólvora retirada das bombas, o que
produzia uma rápida fumaça em elevação, a prima mais velha cortava a ponta de
uma bomba com uma faca, sobre uma pedra, e ao começar a bater com o fio da faca
produziu uma faísca. O estouro da bomba resultou em um dedo quase decepado, uma
corrida de familiares até a Santa Casa e muitas e merecidas broncas.
O
fogueteiro do Centro Operário nos ensinou que criança não deve mexer com fogo,
principalmente quando há pólvora por perto.
Que aventura! Que insensatez! Que crianças sendo crianças! Ah, mas criança mesmo não era a bonitona com faca na mão nem os marmanjos fazendo escondidos o que sabiam ser errado!!!!
ResponderExcluirE quem não fazia coisa errada, Rosicler? Ainda mais quando juntava uma turminha de primos, de famílias com muitos filhos. Hoje isso é quase impossivel.
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