Texto de autoria de Dionezine de Fátima Navarro, Farmacêutica/Bioquímica
docente e pesquisadora da UEPG, Ponta Grossa.
Publicado no Diário dos Campos em 27/05/2020, postado no Portal aRede em 18/06/2020, lida na CBN Ponta Grossa em 21/07/2020.
Publicado no Diário dos Campos em 27/05/2020, postado no Portal aRede em 18/06/2020, lida na CBN Ponta Grossa em 21/07/2020.
Num atalho pelo Parque Ambiental da Princesa
dos Campos, a singeleza me obrigou a parar e me encantar! E me fez balançar nas malhas do bucolismo. Lá
no fundo, de uma Maria Fumaça parada no tempo da nostalgia pareciam descer
passageiros que se recusavam a fazer parte do passado diante de tantos risos de
crianças que brincavam em festa nas balanças e gangorras do parquinho. Como um
arremate da moldura de uma obra de arte, um arco de flores cor-de-rosa às pencas,
como uma cascata (chamam de sete léguas), parecia sondar um quero-quero...
Pássaro ora assustado, ora alçando voos
rasantes em passantes distraídos. Ou ora
pendurado numa perna só a admirar homens e mulheres, que, como caminhantes do agora,
transitavam quase embriagados com os compromissos do cotidiano. Esses não
tinham tempo ou talvez nem retinas para perceber o pequeno pássaro que ficava
alguns minutos estático, parecendo observar o futuro. Dava alguns passinhos e
trocava de perna. E lá se pendurava no outro
pé e de novo contemplava o verde que o abraçava, como se fosse o manto do final
de tarde. Parecia não querer ir embora e,
se alguém conseguisse chegar perto dele, poderia até descobrir que estava de
olhos fechados a sorver o vento que brincava com pétalas bailantes, que, num
final de ciclo, se desprendiam das árvores a brindar o início do outono.
Tão quieto, parecia compreender que ali se
iniciava uma festa da nova estação. E ele continuaria a fazer parte desse
espetáculo. O manto verde do gramado em vitalidade era quase engolido pelo azul
do céu que também desejava ser um cobertor para a noite que se aproximava. Pensei: será que, como eu, ele fica a
imaginar a história de vida de cada um que passava por ali?
Histórias
únicas e intransferíveis. Como ele, eu também não queria
ir embora. A correria do cotidiano no
final do dia boicotou meu nostálgico enlevo. Mas ainda dediquei alguns minutos
a registrar uma foto com o pássaro intrigante, imaginando o que ele poderia “querer
mais”, uma vez que ele já tinha o maior dos dons... O dom da contemplação”.
Mesmo que seja... Contemplar numa perna só.
Marlene Castanho. Ponta Grossa PR
ResponderExcluirAh, essa Maria Fumaça... Quero quero, com licença! Embarquei no texto e... Dionezine de F Navarro,que bela Contemplação!...