Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, natural de Palmeira, residente em Ponta Grossa.
Na
casa em que nasci (sim, nasci em casa, pelas mãos do Dr. Jorge Bacila), em
Palmeira, havia um enorme quintal, e, nesse quintal, um enorme pé de ariticum.
Na
rua Coronel Ferreira, esquina com a Praça Marechal Floriano Peixoto, atrás da
matriz de Nossa Senhora da Conceição, vizinhando com o Colégio das Freiras, de
fundos para a Rádio Ipiranga, ainda em pé nos dias de hoje, as casas em estilo
colonial foram o meu berço e palco da minha primeira infância.
Nestes
quintais, havia de tudo. Uma grande horta, um pomar, um velho poço, além de um
espaço enorme para as peripécias do pequeno cowboy, de um condutor de
frota de carrinhos de plástico, de um atleta de futebol que amava jogar com seu
pai e até para se aprender a andar de bicicleta.
Mas,
a peripécia mais inesquecível deste pequeno garoto foi aprender a escalar o
enorme pé de ariticum que estava inserido bem no centro de todo este
espaço. O ariticunzeiro era tão
grande que sua copa era visível, por sobre as casas, deste a praça. Na base de
seu tronco, foi construído um banco, para que sua sombra fosse desfrutada
juntamente com a melancia, a laranja e os próprios ariticuns do pós-almoço.
Desde o banco, para o pequeno aventureiro era possível acessar o entroncamento
de dois grandes ramos que dividiam a árvore em duas grandes copas. Era só
escolher o lado mais carregado e desfrutar do sabor ímpar de seus frutos.
Comia
até enjoar, forrando o chão com as cascas e sementes, aliás, o que mais abunda
no ariticum. Pequenas partes esbranquiçadas, entremeio às sementes e
aderidas às cascas é o que fazia a alegria e adoçava a vida deste moleque.
Descer
já era outra história. Parece que, ao olhar lá de cima, o chão ficava ainda
mais distante, e a tarefa de voltar para ele era quase impossível. As havaianas
desciam primeiro, de supetão, para que o pé tivesse mais aderência. Depois, com
muito cuidado, vagarosamente, alcançava o entroncamento, e até o banco, era um
pulinho, literalmente. Meu pai,
cuja perna não o permitia tal peripécia, tinha um bambu bem comprido para poder
alcançar os galhos mais altos, onde certamente se encontravam os frutos mais
robustos, recheados e saborosos.
Na
época de frutificação, aquele ariticunzeiro assumia um colorido
exuberante, em verde e amarelo, nos brindando também com sua beleza e
imponência.
Sabor
de ariticum, sabor de infância.
Eu amava ariticum. Tinha um pé na fronteira com uma vizinha, bem no canto do lote. A árvore ficava no terreno dela, mas espalhava os galhos para mais três vizinhos. Em de infância entre nós e ela, por qualquer motivo, foram os ariticuns que serviram para aprendermos a "negociar" a paz.
ResponderExcluirDelícia!!!
ExcluirQue delícia de recordação! Quem nunca ...
ResponderExcluirHoje em dia encontrar ariticum já é raro!!!
ExcluirInfância com sabor de infância!!!
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