Texto de autoria de Mouzar Benedito da Silva, jornalista, residente em São Paulo.
Postada no Portal D'Ponta News em 20/08/2021, publicada no Correio Carambeiense em 11/09/2021 e no Diário dos Campos em 23/03/2022.
Minha segunda passagem por Ponta Grossa foi em 1997, com
a Célia, minha mulher. Quis refazer de ônibus a primeira viagem que fiz para o
Sul uns vinte e poucos anos antes, de trem.
Na primeira viagem, ficava só uma noite em cada cidade e
não deu para conhecer Vila Velha, que eu queria muito. Então desta vez
decidimos parar no mínimo dois dias na cidade.
Ponta Grossa tinha crescido bastante. Melhorou? Em muitos
aspectos, sim. Mas como ocorreu em quase tudo quanto é cidade brasileira,
piorou em outros.
Na primeira viagem, me hospedei num hotel de tábuas, um
sobrado, quase ao lado da estação. Deixei as coisas lá e fui direto para a
praça principal, poucos minutos de caminhada. Era bonita, tinha uns bons bares
e restaurantes e um cinema bom.
Depois de bebericar por ali, dar um passeio, resolvi ir
ao cinema, estava passando o filme “A casa da noite eterna”. Assisti e voltei
para o hotel. Se eu tivesse medo de assombração, não teria dormido, pois as
tábuas estalavam de vez em quando. E eu tinha acabado de assistir a um filme de
terror.
Bom, mas vamos ao que me frustrou, além da já esperada
extinção do transporte ferroviário, que vinha sendo detonado no Brasil inteiro.
A praça que eu achei tão bonita estava com ares decadentes, não dava gosto
passear por ela. Bares... Ah, não vivo sem eles. Não achava um legal. Falei pra
Célia: “Vamos pra praça onde fica a Universidade. Estudantes frequentam bares”.
Fomos e havia bares sim, mas não gostamos deles.
Voltamos para o hotel e brinquei com o rapaz da recepção,
perguntando se não tinha bons bares na cidade. E ele respondeu, indicando um
concorrente: “Tem sim... O bar do hotel tal é muito bom”. Fomos lá, meio com o
pé atrás. E não é que o bar era muito bom mesmo? Tinha um pianista tocando
muito bem, e havia boas bebidas a preços bem baixos. “Compradas no Paraguai,
por isso são tão baratas”, pensei. Será que eram falsificadas? Não eram. Rum
cubano e uísque escocês a preços bem baratinhos.
Perguntei ao garçom que uísque me recomendava e ele foi
seco: “Bala 12”. Uísque escocês com esse nome? Bom... Vamos ver. Pedi e ele
veio com a garrafa servir. Em Ponta Grossa, Ballantine’s 12 anos era Bala 12.
Gostei.
Também pudera, né Mouzar, tantos anos depois da primeira parada em PG!... Nem o trem "bom" daqueles tempos idos conseguiu se eternizar sobre os trilhos. Mas, "Bala 12" salvou a viagem:viu, quem procura, acha!Kkkk
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