Lida na Rádio CBN Ponta Grossa em 21/04/20, postada no Portal aRede em 27/05/2020 e publicada no Diário dos Campos, em 03/08/2022.
Meus
avós e eu sempre moramos no campo, numa daquelas casas de madeira estilo
“enxaimel” a mostrar nossa descendência de raiz russa/alemã, e muitas de suas
nuances características vão além da arquitetura europeia em pleno Paraná.
Na
culinária, sempre foram parte do cardápio o pão de bafo (que meus avós chamavam
de outra coisa, na língua alemã, e nunca consegui encontrar o significado), o
cuque de uva, o pinhão assado na chapa do fogão à lenha nos dias de inverno, os
pastéis cozidos de requeijão, ou também chamado de leite coalhado (também com
seus nomes especiais em alemão).
Havia
a salada de batatas, feita nos dias de domingo, juntamente com as costelas de
chão e carnes assadas, as linguiças ou salames, que sempre estavam presentes
nos cafés da manhã e da tarde, às vezes acompanhados de torresmo e banha de
porco derretida para comer com pão, e o chimarrão, que era o “chá de todos os
dias”, sempre antes do almoço e do café da tarde.
Estes
fizeram a alegria de minha infância, e era sempre obrigatório um “– Deus que
ajude, vó!” (Ou “vô!”, quando era ele o autor culinário). Após comer qualquer uma de suas delícias e
agradecer pelo alimento, meus avós pegavam minhas mãos em forma de “conchinha”
e respondiam um “Amém!” ou “Deus te abençoe, ’fia’!”
Hoje,
a casa enxaimel já não existe mais, embora tenha perdurado por mais de 50 anos!;
minha avó, com seus 83, já não consegue fazer todas estas artes culinárias como
antes, meu avô também já se foi... Porém, toda a riqueza cultural, culinária, e
o amor que me dedicaram em minha infância são os maiores tesouros que carrego
comigo hoje.
As
raízes europeias, misturadas a toda diversidade brasileira (a considerar a paisagem
única dos Campos Gerais e o pinhão, que é o fruto
característico da nossa região), e também com as vertentes gaúchas (como o
chimarrão e as carnes assadas), proporcionam um cenário cultural único e belo
demais para ser colocado em um simples texto... em outras palavras, estas
recordações, e todas as sensações que me despertam, são para mim o que se
costuma chamar de “felicidade”.
Marlene Castanho. Ponta Grossa PR
ResponderExcluirEnquanto eu degustava, hummmm,fui relembrando de vários momentos agradáveis pelos quais já passei...E que bom que ainda hoje podemos contar com o carinho uns dos outros, e também experimentar essas misturas de sabores... Fernanda W.Mayer, parabéns, está uma delícia esse Prato do dia...
Olá Marlene! Muito obrigada pelo comentário, fico feliz que relembrou um pouquinho os sabores da nossa região... Abraços!
ExcluirFernanda.