Texto de autoria de Dionezine de Fátima Navarro,
Farmacêutica/Bioquímica docente e pesquisadora da UEPG, Ponta Grossa.
Publicado no Portal aRede em 07/04/2020, lido na Rádio CBN Ponta Grossa FM 98.1 em 05/05/2020.
Publicado no Portal aRede em 07/04/2020, lido na Rádio CBN Ponta Grossa FM 98.1 em 05/05/2020.
Hoje, um
asfalto cômodo, ao invés da estrada poeirenta ou a lamacenta, traz o
bucolismo do velho casarão que parece ter retido no passado os ponteiros do
tempo. Um casarão centenário à beira da entrada da cidade de Tibagi. Suas
inúmeras janelas venezianas coloridas são portais de um ontem nostálgico,
vividos por quem adentrou os seus degraus. Um armazém, um salão de festas ou um
local de reza! Mas é esse casarão que traz o suspiro ao viajante feliz porque
chegou à tão amada cidade natal. Tibagi, que na língua Tupi-Guarani significa
"grandes águas" em alusão ao rio que banha a cidade e onde ainda dormem
os diamantes, que foram motivo de peregrinação de homens de terras longínquas.
Rio Tibagi transportou sonhadores, foi o único lazer refrescante em dias de
calor, onde crianças aos risos desciam suas correntezas em boias de pneu de
seus pais caminhoneiros. Hoje, referência em rafting, suas corredeiras lhe presenteiam com atrativos da
modernidade que continua atraindo aventureiros. Se o rio clama por aventura, a
praça em frente à Matriz Nossa Senhora dos Remédios, ao som da melodia
de um chafariz apaixonado, e com a cumplicidade da lua, continua sendo
palco de encontros clandestinos onde amores precisam ser declarados. Seja pelos
acordes de um violão, que em agonia suplica pela paixão, seja pelo beijo
roubado dentro do coreto que em dias de festa acolhe a banda frenética da
cidade. Nesse transitar distraído, a tudo alguém assiste disfarçadamente. Um
cão preguiçoso, que já fez desses bancos da praça a sua morada, e no
silêncio, em passos lentos, parece querer atrasar o amanhã, para que o encanto
do hoje dure mais. Assim é essa bucólica cidadezinha que, incrustada pelos
casarios nostálgicos e rodeada por paisagens verdejantes que adoçam a alma,
ainda tem bolo de polvilho em forno de tijolos, faz pamonha com o milho ralado
do quintal, repica o sino da igreja todos os domingos, chamando para missa,
prepara doce de abóbora em fogão a lenha. Ou numa rede amarrada a galhos das laranjeiras
do quintal, o pai orgulhoso, espera o filho, que chegará um dia com um diploma
na mão. Seus visitantes, que já se encantaram com a suntuosidade ao passar pelo
Cânion do Guartelá, ainda
desejam conhecer um patrimônio histórico desta cidade: sua rapadura! Envolta em
palha seca, bem amarradinha, ela dá a certeza de que a doçura escolheu esse
lugar para morar!
Muito lindo seu carinho pela terra natal! Lembranças do passado para nos ajudar o enfrentamento do presente e futuro!Parabéns!
ResponderExcluirMarlene Castanho. Ponta Grossa 7/04/2020
ResponderExcluirLindo e ricamente foram ditos os méritos e adornos da cidade de Tibagi. .. Parabéns, Dionezine de f. Navarro, pelo belo texto.
Que delícia! Nesse momento de quarentena tive o prazer de descer as corredeiras e sentir o cheirinho do bolo de polvilho e a doçura da rapadura. Nesse momento, querida Dione, andei pela praça deserta e avistei aquela cão descansando. Gratidão por tão lindo texto.
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